O líder e fundador do partido neonazista grego Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, foi condenado nesta quarta-feira (14/10) a 13 anos de prisão pela Justiça da Grécia. O Tribunal Penal de Atenas declarou Michaloliakos culpado por dirigir uma “organização criminosa”. Michaloliakos criticou o veredicto “parcial” baseado na ideologia. Ele já cumpriu 18 meses de prisão provisória.
Qualificado como “Führer” do partido no documento de encaminhamento dos juízes de instrução, este ex-deputado, de temperamento irascível e voz esganiçada, lançou as bases de sua formação em 1980 ao publicar uma revista “nacional-socialista” chamada Aurora Dourada (Chryssi Avghi).
Um pequeno grupo formado em torno desta publicação agiu na semiclandestinidade, cultivando um discurso xenófobo e antissemita e glorificando Adolf Hitler como “o visionário da nova Europa”.
Na década de 1990, uma primeira onda migratória para a Grécia, como resultado da desintegração da União Soviética, tirou o Aurora Dourada das sombras, embora o partido mal atingisse 1% dos votos nas eleições.
Em 2008, o início de uma década de crise socioeconômica serviu de trampolim para a sigla de Michaloliakos.
Ele entrou para o Conselho Municipal de Atenas em 2010 e se distinguiu por fazer a saudação nazista em uma ocasião em janeiro de 2011.
Em maio de 2012, em plena campanha eleitoral, declarou em uma emissora grega que “não houve crematórios. É uma mentira. E não houve câmaras de gás”.
O logotipo do Aurora Dourada lembra muito uma suástica, embora Michaloliakos rejeite o rótulo neonazista, chamando seu partido de “nacionalista grego”.
“A Grécia está desaparecendo, há milhões de imigrantes ilegais e, entre eles, há criminosos que assassinam idosos”, declarou, durante a campanha para as eleições legislativas de 2012 em um contexto de cânticos marciais e do grito de guerra do partido: “Sangue, honra, Aurora Dourada”.
– Saudação nazista e “Führerprinzip” –
Este discurso ecoou em um país com uma classe política tradicional completamente desacreditada.
O Aurora Dourada obteve quase 7% dos votos nas eleições de 2012, e Michaloliakos entrou no Parlamento de 300 assentos junto com outros 17 deputados de sua legenda, incluindo sua esposa.
Eleni Zaroulia também foi condenada nesta quarta-feira a seis anos de prisão.
Sua única filha, Ourania, também esteve fortemente envolvida nas atividades do Aurora Dourada. Ela não foi processada, mas seu ex-marido Artemis Matthaiopoulos foi condenado a dez anos de prisão.
Nascido em Atenas e matemático de formação, Nikos Michaloliakos ingressou na extrema direita grega aos 16 anos, antes de ser preso por posse e uso de explosivos.
Duas penas de prisão, em 1976 e 1978, por atos de violência, valeram-lhe sua expulsão do Exército.
Enquanto estava detido, teve contato com o coronel Georges Papadopoulos, um dos integrantes da junta militar no poder na Grécia de 1967 a 1974, algo fundamental na formação do jovem militante.
Papadopoulos, então, confiou-lhe a seção juvenil do partido de extrema direita EPEN, do qual mais tarde ele sairia.
Organizado de acordo com as regras do “poder do líder” (“Führerprinzip”), o Aurora Dourada passou a atuar como organização criminosa, “principalmente a partir de 2008”, multiplicando os ataques, segundo a denúncia do Ministério Público.
Ele não ocupa assento no Parlamento grego desde as eleições legislativas de 2019, quando seu partido foi dizimado nas urnas.
Fonte: agências de notícias
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