O filme que recria a biografia da primeira ministra da história da Espanha e destacada figura do movimento libertário está sendo rodado estas semanas em diversas localidades valencianas.
Por Félix Población | 12/10/2020
Tiveram que passar muitos anos para que uma das personalidades mais destacadas da história do movimento obreiro na Espanha e a primeira mulher que foi ministra de um Governo durante a segunda República, fosse finalmente, protagonista de um filme. Já repeti muitas vezes que a dívida do cinema espanhol de criação com a história que viveram nossos pais e avós é lamentável. Como também o é o fato de que são poucos os filmes da primeira metade do século XX que se salvam de uma mediocridade deplorável.
“Federica Montseny, la dona que parla” é o título do que recriará – esperemos que com acerto – a vida de quem foi destacada dirigente do anarcossindicalismo neste país e ministra da Saúde durante a Guerra da Espanha, a qual tive oportunidade de conhecer em um comício da CNT durante a Transição. A rodagem transcorre estas semanas integralmente em várias localidades de Valência e na própria capital.
‘La dona que parla’ – lemos – é a história do conflito interno de uma mulher valente e idealista que terá que questionar a si mesma para converter-se em poderosa e pragmática. Com o filme se pretende render homenagem a uma mulher, na verdade extraordinária, com umas convicções muito atuais, como uma ponte entre sua figura e o presente para recordar que “nunca se tem que deixar de lutar pelo que se crê justo”.
A produção é de Distinto Films, em coprodução com Televisió de Catalunya e Voramar Films, com a participação de À Punt Mèdia, o apoio de Creative Europe Mediar Programme of the European Union e a colaboração do Institut Valencià de Cultura (IVC) e o Instituto de la Mujer y para la Igualdad de Oportunidades. O roteiro é de Rafa Russo (‘Clara Campoamor’, ‘Lluvia en los zapatos’, ‘Amor en defensa propia’) e Mireia Llinàs (‘Estoy vivo’, ‘Solo química’), com direção a cargo de Laura Mañá (‘Te quiero, imbécil’, ‘Concepción Arenal’, ‘Clara Campoamor’, ‘La vida empieza hoy’) e produção de Miriam Porté e Pedro Pastor.
A distribuição está encabeçada por Màrcia Cisteró (‘La hija de un ladrón’, ‘El día de mañana’ e uma ampla trajetória teatral). A seu lado, o ganhador de dois Goyas e uma Biznaga de Plata em Málaga, Emilio Gutiérrez Caba, e os atores valencianos Fran Nortes, Candela Moreno, Vicente Genovés, Jaime Linares, Sergi Torrecilla ou Isabel Rocatti, detalha a rádio e televisão pública valenciana em um comunicado.
Pela entidade da protagonista do filme, a esquecida e notável personalidade e trajetória de seus pais (Taresa Mañé e Juan Montseny, propulsores da Revista Blanca e notáveis ativistas libertários), a conturbada época em que viveu e o conflito que a fez aceitar um cargo ministerial contra suas ideias, assim como pelos riscos e perigos que suportou durante seu exílio na França ocupada pelos nazis, é muito o compromisso que assume a diretora Laura Mañá com este filme, mas também o gosto por resgatar uma excepcional figura de mulher, comprometida com a luta da emancipação social.
É de supor que o roteirista não tenha deixado de consultar, entre outra documentação, o substancial livro de Federica Montseny Seis años de mi vida (1939-45), com prólogo de sua filha (editorial Almuzara), no qual a autora conta o cúmulo de adversidades que viveu durante seu exílio na França, depois que sua mãe faleceu em Perpignan pouco depois de cruzar a fronteira em penosíssimas condições, e com seu pai ancião e enfermo fugido do risco de ser deportada à Espanha franquista, como ocorreu a outros de seus camaradas. Durante todo esse amargo trânsito pelos caminhos da França, a família levou sempre consigo a pesada máquina de escrever de Juan Montseny, falecido em 1942, que tantas páginas havia escrito nos jornais libertários de seu tempo.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Entre as antenas
E as casas todas iguais –
Quaresmeiras!
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!