Durante as manifestações da Greve das Mulheres ocorridas nesta quarta-feira (28/10) em toda a Polônia, grupos organizados de homens atacaram principalmente mulheres em várias cidades. Os agressores eram membros e apoiadores da extrema direita, junto com alguns círculos de hooligans do futebol. Neo-nazistas atacaram mulheres com cassetetes, facas e armas paralisantes. Na cidade de Wrocław, uma jornalista foi atacada e alguém cortou com uma faca o rosto de um homem que participava das manifestações.
Pessoas que participaram dos protestos trocaram informações sobre o movimento das milícias de extrema direita para voltarem para casa em segurança. A intimidação e o terror sempre foram a tática padrão da extrema direita.
Os ataques de quarta-feira também são resultado do apelo de Jarosław Kaczyński, o vice-primeiro-ministro e líder do partido Lei e Justiça (PiS), cuja declaração foi interpretada como incitação à violência. Os crescentes atos de agressão da extrema direita, combinados com o crescente número de suas vítimas, causam pânico e fornecem um bom pretexto para um ataque aos direitos civis. Os governantes também irão usar a ameaça da pandemia. Ainda assim, o principal motivo de denúncias e repressões políticas está relacionado à suposta luta em defesa de “igrejas e civilização” que incita ataques da extrema direita. Você deve considerar o cenário potencial de introdução do “despotismo de direita” – seu último recurso.
O objetivo de grupos como Konfederacja (partido polonês de extrema direita), ONR (Campo Radical Nacional, um agrupamento nacionalista revolucionário / neo-fascista) ou Młodzież Wszechpolska (Juventude polonesa, integralistas católicos / nacionalistas) é criar uma situação que levará o governo a introduzir o estado de emergência. O Estado autoritário é o objetivo em si mesmo para eles, mas também a garantia da manutenção de sua ofensiva ideológica e de seus ataques a pessoas que chamam de “bichas”, “feminazis” e “esquerdistas”.
Também é difícil entender a ingenuidade da mídia liberal e dos políticos que falam sobre apoio aos protestos dos hooligans do futebol. Seus banners “pró-feministas” com demandas por unidade na luta contra o PiS são apenas slogans vazios, mas alguns, infelizmente, acreditam nisso. Eles não percebem que, ao demonstrar sua aversão ao PiS, os hooligans do futebol não pretendem apoiar ou votar em nenhum dos partidos liberais. O núcleo dos hooligans simplesmente simpatiza com Konfederacja. Não se percebe que em seus banners anti-PiS, veiculados na mídia, eles ameaçam as mulheres de esquerda de que “foderiam e as matariam”. E quem é “esquerdista” é uma questão em aberto que está sujeita à manipulação, entre outros, da televisão estatal do regime, que se tornou adepta de apontar “os inimigos da nação”.
Se alguém acredita na conversão dos hooligans do futebol, ficará profundamente desapontado. Será como quando eles prometeram na frente das câmeras melhorar seus hábitos habituais após a morte de John Paul II em 2005, e conseguiram manter sua resolução até a próxima rodada de jogos de futebol, quando eles pularam na garganta um dos outros novamente e continuaram como sempre: os tumultos nos estádios continuam.
Assim que os “torcedores” retornarem aos estádios, uma coisa que se pode esperar é que eles continuem assinando os slogans sexistas e homofóbicos pelos quais são mais conhecidos. Alternativamente, no “espírito nacional”, vão apresentar um belo show setorial com a imagem de Roman Dmowski ou um banner sobre um “amigo lituano”, ou algum outro lixo.
Claro, os hooligans do futebol não são um monólito social, mas hoje a influência da extrema direita dentro deles é um fato. O resto dos fãs de futebol (provavelmente a grande maioria; de acordo com a pesquisa, 80% são homens) tratam isso como uma espécie de cultura “hooligan” e parte integrante do espetáculo do futebol. Há anos eles fingem que é apenas diversão esportiva.
Não estamos interessados na cultura hooligan do futebol. Porém, quando isso vai além dos estádios, principalmente em um momento como o de hoje, representa uma grande ameaça para nós, atingindo mulheres e pessoas oprimidas por gênero reivindicando o direito ao aborto.
Tradução > A. Padalecki
agência de notícias anarquistas-ana
Madrugada fria.
A lua no fim da rua
vê nascer o dia.
Ronaldo Bomfim
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!