Companheiras, companheiros, companheiras zapatistas,
Mais uma vez estamos surpresos e entusiasmados ao ouvir sua palavra, calma, precisa, excitante, sísmica, rebelde, profunda, sábia. Há muitos de nós que, tanto de nosso sindicato como da CNT como um todo, temos seguido vocês por anos, décadas, lendo, escutando e admirando vocês. Também temos compartilhado reuniões internacionais, galácticas e extra-galácticas em suas comunidades e caracóis. Embora, como organização, não conseguimos estruturar este apoio, que esperamos resolver em breve, temos acompanhado seus passos e refletido sobre suas comunicações desde 1º de janeiro de 1994. Nós os temos em mente em nosso dia-a-dia, tanto em assuntos “meramente” organizacionais como no nível da utopia, tão importante para nossa jornada e talvez um tanto esquecida.
A necessidade de atender ao imediato e ao concreto em cada luta, a situação de emergência social que só está piorando, a doutrina do choque que a hidra capitalista aplica às nossas vidas e a urgência de fazer com que os fins se cumpram, nem sempre é fácil encontrar tempo e energia para olhar um pouco mais além e imaginar como será esse mundo no qual muitos mundos se encaixam. Como nos aproximar, em nossa geografia e calendário, daquele novo mundo que carregamos em nossos corações.
Nesse sentido, sua dignidade rebelde, o confederalismo democrático de nossas camaradas curdos ou tantas outras experiências e conhecimentos de luta nos cinco continentes, estão provando que a vida pode realmente vencer o dinheiro. Que a alternativa para esta velha desordem mundial é através da autonomia dos povos, através do transfeminismo e do descolonialismo, da ecologia e do cooperativismo. Já não mais os antigos Estados-nação, nem o extrativismo, nem o consumismo, nem o individualismo, nem o livre mercado, não mais.
Talvez nos últimos anos tenhamos nos tornado cada vez mais conscientes dos muitos problemas que antes não estavam sequer sobre a mesa, nos fortalecendo cada vez mais com todas aquelas vozes que antes não eram ouvidas, todas aquelas comunidades que longe de serem minorias, nós somos a maioria. É claro que ainda há muito a ser feito, e é complexo.
Como podemos articular as resistências e rebeliões contra nosso inimigo comum, a modernidade capitalista, levando em conta que este mesmo inimigo nos coloca em lugares muito diferentes, hierarquizando nossas vidas através destes muitos sistemas que é o sistema: o cisheteropatriarcado, o sistema racista-colonial, o próprio capitalismo de classe e ecocida… Ou seja, como ser camaradas apesar dos (des)privilégios que nos cruzam, para juntos pararmos com este massacre e fazermos valer a pena viver e não valer a pena viver.
Juntamente com todos os coletivos e organizações desta Madrid rebelde, popular e libertária, a Madrid do PAH e os grupos habitacionais, dos coletivos feministas, antirracistas e LGTBQ+, das organizações de migrantes, dos sindicatos de base, das plataformas em defesa dos serviços públicos, a Madrid de baixo e à esquerda, gostaríamos de participar da organização da acolhida, apoio e acompanhamento que as delegações indígenas podem precisar, que do México, 500 anos após a suposta conquista, virão à nossa cidade e ao nosso continente, para nos dizer que ainda estão lá, vivendo, isto é, resistindo. Nós os esperamos com alegria e nervosismo. Organizando-nos.
Com a permissão do falecido Sub-Marcos, do Subcomandante Insurgente Moisés, do Comando Geral do EZLN e de todas as bases de apoio Zapatista, dizemos até mais adaptando um clássico…
Desde os bairros do sudeste de Madrid
CNT Comarcal Sur Madrid
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
na folha orvalhada,
gota engole gota,
engorda, desliza e cai.
Alaor Chaves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!