25/10/2020
O primeiro anúncio de nossa coletividade foi concluído com sucesso. Queremos agradecer a todas as companheiras que integraram ao nosso convite, trazendo itens essenciais para as pessoas que estão em situação de rua em São Carlos. Expressamos aqui nossa gratidão.
Neste período de crise sanitária profunda o estado usando o Covid-19 como justificativa teve o cuidado de intensificar suas políticas de gentrificação e “apagamento social” isolando as pessoas em situação de rua através de políticas de caridade, recolhimento e incluindo aqui a seletividade assistencial pautada pela falácia estatal do combate as drogas.
As coletas foram distribuídas para nossas companheiras espalhadas pela cidade. Os kits continham comida, roupas, cobertores, lençóis, livros e zines.
Não só os “pobres-não produtivos” deste mundo estão presos pelas ruas das cidades, como também, de acordo com as relações hegemônicas, devem ser isolados de qualquer comunicação com o mundo exterior, sendo tratados com ações de caridade que visam apenas: ou sua retirada forçada das ruas para que não sejam problemas para os olhos sujos da burguesia ou para que se mantenha onde estão para que caridades possam continuar sendo feitas eternamente ou para que se “transformem em cidadãos íntegros, responsáveis e produtivos” e integrem a máquina de moer carne que chamam Trabalho. Em qualquer um destes casos o que interessa e mantê-las sem saber que além delas existem muitas outras que lutam pelos seus direitos e que não estão recebendo “favor” nenhum. Aparentemente, exceto as religiões e algum departamento de estado acessam estas pessoas e estamos dispostos a não os usar, pois acreditados em uma ética mínima de que os meios são determinantes dos fins e de que é possível construir, através do apoio mútuo, autonomia com todas estas pessoas.
Embora as necessidades destas pessoas permaneçam as mesmas (principalmente dos que “não aceitam as caridades do estado de religiões”) seguiremos realizando as distribuições tentando atender algumas necessidades temporárias de cerca de 300 pessoas que vivem em tal situação no território ocupado militarmente pelo estado denominado São Carlos.
Mantemos em mente os olhares das pessoas abandonadas em meio à crise sanitária do Covid-19 nesta “cidade” e estendemos nossa solidariedade a todas as demais pessoas abandonados pelo resto do território ocupado militarmente pelo estado brasileiro que insiste em selecionar quem pode e quem não pode morrer sabendo que as preferências da devastadora necropolítica tem suas materializações em corpos pretos, entorpecidos, sem emprego, etc. Isto se evidencia de muitas formas, por exemplo, na não existência de estatísticas que mostrem claramente o que está se passando com estas pessoas frente ao COVID-19 ou nas assustadoras campanhas pedindo para que a população não ajude estas pessoas.
Por isto devemos seguir em frente.
Ninguém sozinho contra o Estado e o Capital!
Grupo de Afinidades Lesmas Negras
agência de notícias anarquistas-ana
lua mínima
a tarde minguante
abre um sorriso
Alonso Alvarez
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!