
O que significa dizer em dezembro de 2020 “Sebastián Oversluij presente!”? Que sentido tem lembrar de um companheiro morto em ação nesses tempos?
Sete anos se passaram desde que o companheiro foi assassinado tentando expropriar um banco em dezembro de 2013 e hoje, em meio a uma pandemia e com a experiência de uma revolta generalizada em nossas costas, nos encontramos novamente na memória insistente de nossa caminhada irredutível.
A cada passo que damos no presente, somos acompanhados pela energia indomável daquelxs que trilharam os caminhos da insurreição contra o poder, companheirxs que empunharam uma diversidade de ferramentas de luta, deixando testemunho de sua posição ativa nos mais diversos processos e acontecimentos que elxs alimentaram com o fogo da luta anti-autoritária neste território.
Hoje, longe de qualquer fetiche nostálgico e vitimista, seguimos recordando o Angry como um companheiro que faz falta ao nosso lado, nas ruas, na sabotagem e na propagação multiforme da anarquia.
Em tempos em que cada gesto de luta e de repressão parece ser uma novidade para muitxs, trazer a memória do companheiro até o presente é um ato de cumplicidade e conseqüência com o caminho de luta que forjamos a partir de ações minoritárias; é uma contribuição para a difusão permanente das idéias e práticas que atentam contra a ordem social do poder e da autoridade.
Hoje, em dezembro de 2020, a memória e a trajetória de vida de Angry, sua conexão com diversos ambientes e coletivos de luta e las diversas expressões de propaganda anárquica desenvolvidas pelo companheiro, são apenas um exemplo que mostra que as hostilidades contra a sociedade carcerária, o Estado, a exploração animal e a dominação como um todo, foram forjadas ao longo dos anos em múltiplos atos, projetos e instâncias impulsionadas por companheirxs que contribuíram para a configuração do presente na guerra que seguimos habitando. Graças aos diversos gestos de memória nestes sete anos, o Angry hoje é conhecido mundialmente como um guerreirx anárquicx perigoso para o poder que pixou as ruas com frases de liberdade, participou em bibliotecas, em projetos e espaços autogestionados, que criou música, desenhos e publicações, participou da luta nas ruas, de sabotagens e ataques ao poder.
Tudo o que foi exposto nunca fez do companheiro um ser superior ou extraordinário, ao contrário, é uma amostra de quão valiosa seria sua contribuição hoje, marcada pelo contexto de pandemia e revolta onde o confronto contra o estabelecido se espalhou pela luta nas ruas, da selvageria vandálica, do ataque anti-policial, e das formas de ataque, resistência, solidariedade e autonomia, assim como as expressões mais explícitas de repressão democrática no encarceramento, no extermínio e na guerra direta contra xs corpxs dxs que lutam nas ruas.
Assim, a memória em torno do companheiro se concretiza e contribui para nosso presente através do diálogo com seu discurso e ação em permanente movimento e evolução, partindo de visões de luta popular para então avançar em direção à insurreição anti-autoritária e ao niilismo anárquico, como é possível mostrar a partir de seu próprio testemunho de vida em canções, conversas, ações e diversas iniciativas de memória após sua morte em ação.
Ao mesmo tempo, a memória em torno de Angry nos convida a rever o nosso próprio percurso de luta individual e coletiva, para continuar projetando desde o presente a guerra contra toda as formas de poder, para ir cada vez mais longe em nossos projetos, idéias e ações, para continuar apostando na expansão e aprofundamento dos laços de cumplicidade e de todas aquelas fissuras que fragilizam o domínio e permitem o florescimento da liberdade e da anarquia como possibilidade concreta no aqui e no agora.
COM MEMÓRIA ICONOCLASTA
A GUERRA ANÁRQUICA NÃO PARA.
SEBASTIÁN “ANGRY” OVERSLUIJ PRESENTE!
Dezembro 2020.
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agência de notícias anarquistas-ana
Obscuramente
livros, lâminas, chaves
seguem minha sorte.
Jorge Luis Borges
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?