Salvador Puig Antich foi militante desde muito jovem. Os episódios de Maio de 68 e a morte do estudante Enrique Ruano nas mãos da polícia espanhola em 1969 foram decisivos para que decidisse envolver-se ativamente na luta contra a ditadura franquista. Desde aí, Salvador evoluiu para posições anarquistas que rechaçavam qualquer tipo de dirigismo e hierarquia dentro das organizações políticas e sindicais, chegando a se integrar no MIL (Movimiento Ibérico de Libertación).
Influenciado pelas experiências dos Conselhos Obreiros, o MIL preconizava a agitação armada e a propaganda escrita para agudizar a luta de classes e a emancipação da classe obreira contra o capitalismo, por uma sociedade comunista libertária. Era um reduzido grupo de militantes, homens e mulheres jovens. A postura do MIL e dos Grupos Autônomos de Combate era nunca se posicionar acima da classe obreira, nem separar-se dela, nunca se postular como uma direção do movimento obreiro. Salvador participava, como chofer, nas ações do grupo, que consistiam geralmente em assaltos a bancos. Os botins se destinavam a financiar as publicações clandestinas do grupo e outras lutas. Também se ofereciam para ajudar economicamente os grevistas. Criaram a revista “CIA” (Conspiración Internacional Anarquista) e a editorial Mayo 37.
Em 1973, Salvador é acusado de matar um subinspetor de polícia durante uma luta quando tentavam detê-lo e é condenado a morte. Seu caso foi especialmente conhecido por ser o último executado pelo franquismo, tendo apenas 25 anos. Apresentado intencionadamente ao grande público como um lutador anti franquista e democrata pelos “vencedores” da Transição, a vida de Salvador Puig Antich rechaça esta etiqueta e adverte que foi muito mais. “Revolucionário de pura cepa”, militante anticapitalista, herdeiro de tradições conselheiristas e defensor da autonomia obreira, dedicou sua vida – entrelaçada ao lado de seus companheiros do MIL e dos Grupos Autônomos de Combate – para criar um mundo justo e antiautoritário de pessoas livres. Sua militância consciente o levou frente ao garrote vil.
Este livro, escrito por alguns de seus companheiros, compila a memória daqueles anos de militância. E nos mostra que existiu um potente movimento de luta não só contra o franquismo, como nos contaram, mas também contra o capitalismo e contra a democracia desenhada para salvaguardá-lo. Esta edição conta com quase 100 páginas de documentos e fotografias.
Salvador Puig Antich – 45 años después
Ricard de Vargas Golarons
recuperables, Colección Calma Tensa, 1. Madrid 2020
310 págs. Rústica 21×15 cm
14,00 €
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!