A 5 de Agosto de 1936, depois da vitória e libertação de Aragão, Buenaventura Durruti era entrevistado por Pierre van Paasen do Toronto Star. Breve mas elucidativa, tem o condão de revelar que os anarquistas estavam cientes das dificuldades do esforço revolucionário, contradizendo a noção de que eram “analfabetos” políticos e aventureiros inconscientes. Sabiam do medo de Estaline, e das suas intenções sabotadoras, como esperavam uma aliança fascista entre Franco, Hitler e Mussolini sem resposta das democracias (França e Inglaterra).
Também caracteriza com precisão a natureza do fascismo, a última linha de defesa do capitalismo, e de que não existe anti-fascismo, consequentemente, sem anti-capitalismo.
“É um homem alto e forte, moreno, barbeado, com traços mouriscos, filho de camponeses humildes. Tem voz aguda, quase gutural.”
Van Passen: Acha os militares rebeldes já derrotados?
Buenaventura Durruti: Não. Ainda não os vencemos. Ocuparam Saragoça e Pamplona. Aí estão os arsenais e as fábricas de munições. Temos que conquistar Saragoça e depois iremos ao encontro das tropas compostas por Legionários Estrangeiros que vêm do sul comandadas pelo general Franco. Dentro de duas ou três semanas estaremos envolvidos em
batalhas decisivas.
Van Passen: Duas ou três semanas?
Durruti: Duas ou três semanas ou talvez um mês. A luta prolongar-se-á no mínimo por todo o mês de Agosto. O povo trabalhador está armado. Neste cenário, o exército não conta. Existem dois campos: o dos homens que lutam pela liberdade e dos que lutam para acabar com ela. Todos os trabalhadores da Espanha sabem que se o fascismo triunfar virá a fome e escravidão. Mas os fascistas também sabem o que os espera se perdem. Por isso essa luta é implacável. Para nós o que importa é derrotar o fascismo, de maneira que não possa levantar nunca mais a cabeça na Espanha. Estamos decididos a terminar de uma vez por todas com ele, e isso, apesar do governo…
Van Passen: Porque diz “apesar do governo”? Não está esse governo lutando contra o levantamento fascista?
Durruti: Nenhum Governo no mundo combate o fascismo até suprimi-lo. Quando a burguesia vê que o poder lhe escapa das mãos recorre ao fascismo para manter o poder dos seus privilégios. E isto é o que acontece em Espanha. Se o Governo republicano tivesse desejado acabar com os elementos fascistas, podia tê-lo concretizado há muito tempo. Em vez disso, acomodou-se, comprometeu-se e esbanjou tempo na procura de compromissos e acordos com eles. Mesmo agora, existem membros do Governo que desejam tomar medidas muito moderadas contra os fascistas. Quem sabe se o Governo não espera ainda utilizar as forças rebeldes para esmagar o movimento revolucionário desencadeado pelos trabalhadores!
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https://alulaeoanarquismo.wordpress.com/2020/08/05/durruti-fala/
agência de notícias anarquistas-ana
Noites sem cigarras –
qualquer coisa aconteceu
ao universo.
Serban Codrin
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!