Na madrugada da última terça-feira, em Panguipulli, região de Los Ríos, Chile, foi assassinada no Lof Llazkawe (território mapuche em recuperação) a lamgnen Emilia Milén Herrera, conhecida como Bau, de 25 anos, ativista vegana, animalista, anárquica, defensora da terra e seus habitantes. Emilia (Bau) foi atingida com uma bala na cabeça disparada por guardas privados, assassinos de aluguel contratados pelo condomínio Riñihue, de responsabilidade do empresário Manuel García.
Segue comunicado oficial da comunidade:
“17 de fevereiro de 2021, Panguipulli, Desagüe Riñiwe. Como Lof Llazcawe queremos denunciar que no dia de ontem (16/02/2021), quase à meia-noite, foi assassinada por parte dos guardas, assassinos de aluguel, contratados pelo condomínio Riñimapu, nossa lamnien Emilia, conhecida como Bau. Caiu por uma bala disparada em sua testa, disparada pelos guardas capangas contratados pelo condomínio, que estavam no momento expulsando alguns campistas que se encontravam no local e que solicitaram ajuda ao Lof diante da ameaça desses capangas.
Cabe sinalizar que o condomínio já havia acionado a força policial repressora durante a tarde para expulsar os ditos campistas, e que foram eles mesmos, guardas e policiais, que autorizaram sua permanência no local. Por isso que nossos peñi y lamnien se aproximaram, para exigir que respeitassem o que havia sido acordado com os campistas anteriormente, mas nesse momento os guardas aproveitaram para disparar diretamente contra nossas lamnien e peñi, caindo nossa querida Emilia.
Condenamos publicamente esses assassinos de aluguel mandados por Manuel García, que representa o citado condomínio, e a quem culpamos por esse maligno ato. Novamente nossa terra, nossa mapu recebe uma jovem weichafe, uma ser linda, bondosa, protetora da mapu até seu último suspiro, uma irmã que colocou sua vida na defesa da nossa Ñuke mapu. Chaw ngenechen te recebe junto a nossos weichafe caídos em nossa wenu mapu, e desde aí te levantas como mais um espírito guerreiro de nosso povo.
Exigimos que os culpados por colocar armas nas mãos de delinquentes sejam responsabilizados pelo assassinato de nossa querida e amada Lamnien Emilia.
Justiça para Emilia!
Se uma cai, dez se levantam!”
Desde o território controlado pelo e$tado brasileiro prestamos solidariedade ativa com a lamgnen e companheira Emilia Milén, ou Bau, como era conhecida e amplamente querida em nossas comunidades. Cabe ainda sinalizar e explicitar que Emilia (Bau) era uma companheira trans, um corpo em resistência dentro de um território em resistência, o que maxima nossa dolorida revolta por seu assassinato. Bau deixou a vida em resistência ativa, como lhe fazia sentido. Honremos sua caminhada com palavra e ação, com como ela mesma costumava dizer.
Küme rupu, lamgnen. Bom caminho, irmã.
agência de notícias anarquistas-ana
À sombra, num banco,
folha cai suave
sobre meu cabelo branco
Winston
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!