Quinta-feira, 18 de fevereiro
Durante esta semana estão acontecendo protestos em vários pontos do Estado, com dezenas de milhares de pessoas indo às ruas, como resposta ao encarceramento do rapper Pablo Hasél, condenado por enaltecimento do terrorismo e injúrias contra a Coroa.
O que em si mesmo pode parecer um mero protesto por direitos e liberdades democráticas, está servindo de catalisador da raiva e frustração acumulada durante todo este ano de pandemia. A situação repressiva mundial e concretamente, no Estado espanhol, com o estado de alerta, toques de recolher, aumento da violência policial, controle social, fome, desemprego, desalojos, despejos, está produzindo um aumento da revolta em todo o mundo como não se via desde 2019, antes de que este ciclo repressivo aproveitando a pandemia irrompesse.
Só no dia de ontem se produziram dezenas de pessoas feridas (em Barcelona uma pessoa perdeu o olho no dia anterior), meia centena de detidos e distúrbios de importante consideração em cidades da Catalunha como Lleida, Granada, Madrid, Barcelona, Valência (no dia anterior). Os incidentes ocorreram pelo segundo dia consecutivo, especialmente na Catalunha, onde em Vic, por exemplo, uma delegacia dos Mossos d’Esquadras [polícia catalã] foi arrebentada.
Os uniformizados receberam também o seu, apesar do desequilíbrio de forças, e ocorreram ataques e destroços em entidades capitalistas. A virulência dos protestos é especialmente forte na Catalunha e em menor medida na capital, mas também se estendeu a cidades como Valência, Granada e muitas mais cidades da península.
A imprensa e o Estado responderam cerrando fileiras em torno ao consenso democrático e os habituais rios de tintas (discursos) elogiando os corpos repressivos e exigindo a cabeça dos lutadores. Não se descartam detenções, especialmente na Catalunha, onde segundo a imprensa oficial, forças antiterroristas estão investigando fatos como o ataque à delegacia.
Este fim de semana se espera mais mobilizações.
Como anarquistas, somos alheios a questões como a liberdade de expressão, os direitos democráticos ou demais coisas do tipo, que pretendem envernizar a democracia como fórmula de governo estatal que nos submete e explora. Mas alentaremos a sair à rua e à luta contra o Estado, através da ação direta e da solidariedade, para aprofundar a guerra social, à margem e contra a política e a democracia. Temos que nos preparar, tanto para enfrentar o inimigo que temos adiante, que não é outro senão o Estado e seus corpos repressivos como garantia da ordem vigente, tanto como para os recuperadores e políticos que jogarão um papel recuperador e de recondução da raiva ao voto e a esperança na reforma de um edifício podre até as entranhas.
Contra toda autoridade.
Liberdade para Hasél, liberdade para todas!
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
o lutador, na velhice,
conta à sua mulher o combate
que não devia ter perdido
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!