Por Rui Diogo| 23/02/2021
O investigador e professor da Universidade de Howard Rui Diogo analisa o colonialismo europeu e compara-o, em termos de mortos, com o extermínio em massa perpetrado pelo regime nazi
João Miguel Tavares escreveu, na última pagina da edição de quinta-feira (dia 18) do “Público“, o qual leio diariamente desde há anos, um artigo com o titulo: “Mais uma comparação com o nazismo e eu grito.” É preciso notar que o artigo estava na última página do jornal, a qual é facilmente visionada por todos os que compram este jornal, ou outros.
Sendo eu português, especialista em temas ligados ao racismo e colonialismo – que são o tema principal do meu último livro -, e professor na Howard University, uma universidade mundial constituída principalmente por alunos descendentes de africanos e com prestígio e influência mundiais precisamente por chamar a atenção para estes temas – é preciso lembrar que Kamala Harris, agora vice-Presidente dos E.U.A., foi aluna de Howard -, este artigo parece-me totalmente indigno de um jornal de prestígio internacional como o “Público“. Por ser não só uma falta de respeito para as centenas de milhões de mortos resultantes do colonialismo europeu – muitíssimos mais que o número atroz e horripilante de mortos de judeus – e também ciganos, e pessoas com deficiência, não podemos esquecer – causados pelo horrível Holocausto, mas também para os sobreviventes e descendentes dos que foram colonizados, como os meus alunos em Howard, e muitos milhares de alunos, professores e outras pessoas a viver em Portugal.
Que o colonialismo europeu matou muito mais que o Holocausto é um fato histórico consensualmente reconhecido por historiadores internacionais. Mas na Europa, e sobretudo em Portugal – contrariamente ao que se faz por exemplo na Alemanha, em que se reconhecem muito mais, a nível público, as atrocidades feitas pelos nazis e também pelo colonialismo alemão – continua a nem querer sequer fazer uma comparação entre o Holocausto e o colonialismo. Isto porque o primeiro é visto como o ‘mal absoluto’, e o segundo como algo que no fundo “não foi tão mau” – ou, como escreveu João Miguel Tavares, que foi muito mais “rico” do que simplesmente “brutalidade e opressão”.
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
https://expresso.pt/opiniao/2021-02-23-O-colonialismo-matou-muito-mais-que-o-Holocausto
agência de notícias anarquistas-ana
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depois que choraste.
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