O 8 de março é e sempre foi um dia de comemoração e luta
Há quem tenha a memória frágil, outros simplesmente ignoram e há alguns que mais lhes convêm que se esqueça.
O dia 8 de março é uma das tantas datas nas quais se lembra o assassinato pelas mãos dos poderosos dos que morreram lutando, mas diferente da grande maioria das datas de luta esta foi protagonizada exclusivamente por mulheres. No ano de 1908 um conjunto de trabalhadoras se organizou autonomamente para enfrentar e exigir da patronal o fim das condições de miséria nas quais apenas sobreviviam, esta ousadia e arrojo foi castigado com uma grande matança. Os poderosos buscavam terminar as greves e sabotagens com uma medida amplificadora para que ninguém tentasse novamente quebrar ou obstruir a cadeia de produção e mercadoria, para os patrões assassinar trabalhadores sempre será a opção mais econômica e efetiva, pobres há de sobra.
Que hoje se comemore o 8 de março é graças ao esforço e persistência de muitos que não esquecem o que aconteceu nesse dia, portanto para nós que apostamos em construir caminhos antagônicos à lógica do sistema heteropatriarcal é crucial não deixar de recordar os que fertilizaram com lágrimas e sangue os caminhos do enfrentamento, assim aprendemos dos que estiveram antes que nós, de seus acertos e erros, dessa forma damos golpes mais certeiros a este sistema de terror.
Faz alguns anos no território dominado pelo estado chileno, o dia 8 de março, em algumas zonas, ganhou um aspecto combativo nas ruas. As flores e celebrações do “dia da mulher” foram trocadas por pedras, gritos e fogo nas mãos de muitas das individualidades que não pedem licença para encher as ruas. Mas enquanto o prazer sedicioso crescia no coração de muitas também proliferavam as práticas policiais, reformistas e social-democratas nas manifestações chegando a reprimir companheiros que rompiam com a normalidade e a ordem. Muitos foram os companheiros agredidos pela “polícia roxa”, esta última fixa, ordena e controla “o correto” dentro das manifestações do 8 de março. Nisto serei enfática, não pode haver nenhuma agressão sem resposta nem lugar para estas práticas repressivas dentro dos espaços de luta, uma coisa é que existam diferentes perspectivas e/ou métodos de como ocorrem certas batalhas, as individualidades e coletivos que geram e/ou levantam iniciativas em torno às lutas de gênero, feministas, etc, mas outra muito diferente é invalidar, controlar, reprimir ou delatar companheiros que exercem e/ou propaguem a violência política.
Talvez existam individualidades e coletivos que tenham as melhores intenções de acabar com o sistema heteropatriarcal capitalista à base de reformas nas leis e mudanças constitucionais, essas boas intenções carregadas de ingenuidade somente reforçam a dominação.
Encontramos o heteropatriarcado em todas nossas relações, desde as mais macros como nas mais íntimas, por isso toda iniciativa para destruir a depravação machista tem que nascer e se executar a partir de nós mesmas desde a multiformidade de nossas ações.
O caminho do enfrentamento é longo e difícil, mas sem dúvida está cheio de beleza, a que emana por um sem fim de companheiros que realizam o apoio mútuo e a solidariedade, se trazemos a nosso cotidiano estas duas palavras nos tornamos fortes, não necessitamos de nenhuma instituição ou intermediário, somente necessitamos de nossos companheiros.
Enterremos os dentes na pele do heteropatriarcado.
Toda polícia é inimiga, não importa sua cor ou gênero.
Mónica Caballero Sepúlveda
Presa Anarquista
>> Ilustração: Mónica Caballero
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!