Em 26 de março, 4 dias após o início da greve de fome, algumas das pessoas presas subversivas, anarquistas e da revolta, mobilizadas contra as modificações no decreto de lei 321 e pela liberdade de Marcelo Villaroel, foram convocadas para audiências virtuais nos respectivos tribunais onde se encontram seus processos judiciais.
O objetivo dessas audiências foi uma tentativa do tribunal de advertir xs grevistas para que abandonem a mobilização. Os juízes afirmaram que a greve de fome não tem nenhum objetivo, não conseguirá nada e nem é uma ferramenta válida, além de dizerem que ela só prejudicará quem a utiliza.
Em resposta às ameaças dos juízes, Francisco Solar afirmou:
“Posso dar uma resposta à advertência que você está fazendo a mim. Eu gostaria de esclarecer que com esta greve de fome eu não estou pedindo minha liberdade. Esta greve de fome é contra a modificação do decreto de lei 321, então o que estamos pedindo é a restituição do artigo 1 e a revogação do artigo 9. Esses dois artigos tornaram essa lei retroativa, em nenhuma parte do mundo as leis são retroativas, apenas aqui. Então essa lei prejudicou muitos presos, entre eles nosso companheiro Marcelo Villaroel, para quem exigimos a liberdade imediata. E, por outro lado – já estou terminando –, isso de que sou o único prejudicado [com a mobilização], isso nós veremos, pois essa é uma mobilização que recém começou e que não sabemos como terminará, então não sei se serei o único prejudicado aqui, é isso.”
Joaquín Garcia, por sua vez, ao ser convidado a abandonar a mobilização, afirmou:
“Esta greve responde, em linhas gerais, a um contexto repressivo no qual se perpetua o castigo decretado legalmente há muito tempo, fazendo que os cálculos a partir dos quais as pessoas solicitam sua liberdade condicional – neste caso nosso companheiro Marcelo Villaroel – sejam completamente imprevisíveis. (…) O artigo 9º manteve todos os presos por mais tempo nas cadeias. (…) Nós entendemos que a greve é uma resposta necessária ao comportamento do aparato jurídico, que estende nosso tempo de presídio. Talvez, concretamente, eu não seja afetado completamente por esta modificação, mas a existência do artigo 9º deixa uma ameaça latente de que qualquer modificação que possa acontecer a partir de agora possa afetar as condições do meu pedido de liberdade condicional. Isso (a greve de fome) não escapa do parâmetro individual e nem coletivo”.
Marcelo Villaroel também foi convocado ao tribunal, onde explicou que não é a primeira greve de fome, além de não deixar dúvidas sobre o fato de que a mobilização continua e sobre a clareza da mesma.
Propagar e multiplicar a solidariedade com as pessoas em greve de fome!
Revogar as modificações na lei 321!
Liberdade para Marcelo Villaroel!
Pelo fim da prisão preventiva como castigo!
Fonte: https://edicoesinsurrectas.noblogs.org/post/2021/03/28/presxs-em-greve-sao-levadxs-ao-tribunal/
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