Historicamente, as eleições parlamentares cumpriram o papel mistificador do Estado capitalista de sustentar a realidade da exploração burguesa, convocando a classe dominada a votar no próximo partido político, que continuaria a manter a sociedade de classes. Assim como existem os encarregados de sustentar a realidade da exploração e da dominação, existe também o antagonismo entre a força histórica e essa realidade. O movimento social revolucionário há mais de um século tem proposto suas próprias estratégias e organizações proletárias autônomas, contra os interesses da classe capitalista e seus enganosos mecanismos de representação política.
Uma expressão dessa força revolucionária e histórica foram os anarquistas, que, em sua maioria, configuraram discursos perturbadores diante da fraude eleitoral e da farsa dos partidos políticos no poder. Na região peruana, os anarquistas de um século atrás sustentavam a posição e fizeram apelos ao povo, para não participar da vida e do modo político da República Aristocrática. Eles também criticaram o sistema eleitoral e a fórmula democrática de confiar a representação de seus interesses a um partido burguês ou candidato político. Estes são os que suprimem sua luta, sua participação ativa e sua autonomia como força proletária.
Assim, na véspera das eleições parlamentares, no contexto do Bicentenário da República do Peru, o contexto nos convida a posicionar nossas críticas disruptivas contra as eleições e os representantes da burguesia, em suas principais facetas de direita e esquerda do capital. Diante disto, fazemos o seguinte chamado, daqueles que podem expressar suas vozes, muitas vezes ofuscados pela lógica da ideologia estatal e aquelas narrativas que priorizam “as contradições principais ou dominantes” sob o assunto da questão nacional.
Nosso apelo é de expressão, reflexão e crítica da democracia burguesa no Peru, especialmente de seu impiedoso ritual eleitoral. A farsa eleitoral chegou ao ponto de nos expor à morte, em um cenário em que os políticos só procuram ser os mais licitadores nesta crise, em detrimento de nossas vidas. E de forma obscena, desesperada e até sem vergonha, eles rasgam suas roupas, no show das eleições, para ocupar a cadeira presidencial e cumprir suas agendas políticas a serviço do capital. Entretanto, outro problema é que a sociedade está se polarizando, o conservadorismo nacional está se tornando cada vez mais extremo e está surgindo um clamor pelo autoritarismo que poderia nos lembrar os antigos representantes da mentalidade fascista.
As leituras da realidade política deixam de lado os aspectos sociais e econômicos do desenvolvimento do capitalismo no Peru, e é por isso que apelamos para uma reflexão crítica. Acreditamos mais além dos comentários daqueles que ideologicamente mantêm o sistema. Na base, bairros, praças, grupos e indivíduos formam argumentos contra o sistema, e queremos que estas reflexões sejam compartilhadas para poder configurar uma crítica contra a hegemonia total do capital que legitima ideologicamente neste rito rude do sistema a cada 5 anos ou quando os movimentos e estratégias políticas do momento o exigirem.
Nós receberemos: Ensaios, panfletos, artigos, poemas, canções, imagens, etc.
Correio de recepção: e.autoformacioncolectiva@hotmail.com
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
folhas no quintal
dançam ao vento
com as roupas do varal
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!