Por Thais Carrança | 15/04/2021
“Falar sobre a Venezuela me deixa com vontade de chorar. Minha família está passando fome agora e começaram a morrer… Estão morrendo adultos e crianças, e não é pela enfermidade de coronavírus, estão morrendo de fome. De fome!”
“Eles me pedem apoio quase todos os dias. Sempre ajudo, mas é uma grande quantidade de gente que me pede: ‘Me manda R$ 100’, ‘Me manda R$ 50’. Muitos estão pedindo, mas eu não tenho dinheiro.”
“Nos caños (afluentes do rio Orinoco), está morrendo gente, está se acabando tudo, acabando roupa, acabando sal, eu não sei como, daqui em diante, não sei como vai ser.”
O relato é de um homem venezuelano de 49 anos da etnia indígena warao e foi colhido em Ananindeua, no Pará, pela Acnur (Agência da ONU para Refugiados).
Os primeiros imigrantes warao chegaram ao Brasil em 2014. Mas esse movimento se intensificou a partir de 2016, com o agravamento da crise na Venezuela.
Os indígenas deixam seu país de origem diante do desabastecimento de itens básicos, da hiperinflação e do aumento da violência, com a ação de grupos armados nos seus territórios, devido ao avanço da mineração na região do Arco Mineiro do Orinoco.
Em 2014, eram pouco mais de 30 warao no Brasil. No início de 2017, já somavam 600 indivíduos. Em março do ano seguinte, o número havia dobrado para 1.200 e, em dezembro do ano passado, a estimativa era de 3.300 indígenas da etnia vivendo em território nacional.
Para se ter uma ideia da relevância de uma comunidade indígena desse tamanho, o Brasil somava 252 povos indígenas em 2016, segundo levantamento do ISA (Instituto Socioambiental). Desse total, apenas 97 povos tinham mais do que mil pessoas.
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56759831
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