Para Marc
Morreu de acidente aos setenta anos Marc Tomsin, um companheiro de longa trajetória e grande cultura, muito querido pelos que o conheceram. Sua carreira iniciou em maio de 68 e teve seus melhores ou mais visíveis momentos no sindicato de revisores da CGT [francesa], a editora Ludd, o Comitê de Solidariedade com os povos de Chiapas em luta, a editora Rue des Cascades e a página divulgadora La Voie du Jaguar. Atraído pelo movimento libertário grego, se instalou naquele país. Seu último ato foi a participação na liberação do centro ocupado [anarquista] La Rosa Nera, em Chania (ilha de Creta). Dançou e celebrou o êxito na festa que continuou até dar um mau passo e cair pelas escadas, sofrendo um acidente mortal. Nada se pode fazer. Seu amigo Raoul Vaneigem, com quem permaneceu em contato até quase esse dia, 5 de junho, lhe dedicou estas palavras de despedida e homenagem.
Miguel Amorós
Querido Marc,
Tu nunca fizeste parte e nunca o fará dos mortos viventes que perpetuam a longa agonia do velho mundo. Por isso me dirijo a ti em nome dessa vivacidade que jamais te abandonou e que continuará estando presente entre nós. Pois como herdeiros dos insurretos e insurretas do passado assentamos as bases de uma verdadeira internacional do gênero humano. Escolher o lado da vida é o seguinte e último recurso contra os que semeiam a morte em toda a terra. Foi o combate que tu escolheste e tua irradiante amizade frequentemente teve mais eficácia que muitas diatribes. Tua erudição e atenção como editor nos proporcionaram escritos raros e impactantes. Como infatigável responsável da Voie du Jaguar preparaste a iminente chegada dos zapatistas, que como portadores de um mundo novo desembarcaram na velha Europa que tanto se esforçou em reduzi-los à escravidão. Em todas as festas do futuro será a sombra do personagem ausente.
Mas não quero cair na oração fúnebre.
Marc era antes de tudo um amigo. A magia íntima das afinidades eletivas fez com que nos aproximássemos. Me alegrou saber que a morte te pegou na exaltação da “Rosa Nera” outra vez livre, mas isso não me convence de que uma morte feliz exista.
Ainda estávamos como quem diz conversando no momento em que te golpeou essa chispa de entusiasmo. Gostaria de ver nesse intenso fulgor – fúnebre para nós, gozoso para ti – um chamado a não desesperar nem da própria existência nem deste mundo por mais malfadado que possa nos parecer.
Sempre possuíste a arte de persuadir sem dar lições.
Te agradeço Marc
Fonte: http://alasbarricadas.org/noticias/node/45950
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
na folha orvalhada,
gota engole gota,
engorda, desliza e cai.
Alaor Chaves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!