O movimento anarquista e o movimento sindicalista revolucionário deram seu apoio incondicional à Revolução Russa em seu início, mas pouco a pouco, à medida que as informações chegaram à Europa Ocidental, surgiram dúvidas sobre o caráter emancipador da revolução e sobre a natureza real do regime estabelecido pelos bolcheviques.
Tendo uma necessidade vital de apoio internacional, o poder soviético criou em março de 1919 a Internacional Comunista – ou Comintern – cuja função era inicialmente contribuir para o sucesso da revolução mundial, mas que rapidamente se contentou em incentivar a formação de partidos comunistas destinados a apoiar a política internacional da Rússia comunista. De fato, os bolcheviques perceberam que uma Internacional dos partidos não era suficiente porque a massa do proletariado internacional escapava de seu controle: a maior parte estava sob o domínio de organizações reformistas, enquanto uma forte minoria, muito ativa, estava nas organizações sindicalistas revolucionárias.
Criaram assim em 1921 um anexo sindicalista ao Comintern: a Internacional Sindical Vermelha, cuja fundação teve conseqüências muito importantes sobre o destino posterior do movimento sindicalista revolucionário, provocando uma fratura irremediável que estará na origem da formação do anarco-sindicalismo.
Os sindicalistas revolucionários tentaram em várias ocasiões chegar a um compromisso com os bolcheviques, em particular sobre a questão da independência sindical. Mas rapidamente chegaram a uma dupla conclusão: a) Nenhum compromisso com os bolcheviques era possível; b) O movimento sindicalista revolucionário não podia permanecer isolado em nível internacional. Eles resolveram fundar, em Berlim, no final de 1922, uma Internacional sindicalista revolucionária: a Associação Internacional dos Trabalhadores.
O ano de 2021 marca o centenário do congresso de constituição da Internacional Sindical Vermelha, que foi o principal instrumento de penetração do comunismo nas organizações sindicais do planeta, muitas vezes dominado pelo sindicalismo revolucionário. Através de métodos agressivos, muitas vezes levando a divisões, a Internacional Sindical Vermelha conseguiu minar a influência da corrente sindicalista revolucionária e assumir o controle do movimento sindical. Um dos poucos exemplos do fracasso desta estratégia foi a CNT na Espanha.
Le Monde Libertaire, órgão da Federação Anarquista Francófona, publicou em 2020, em sua versão on-line, uma série de artigos dedicados a este evento.
O Cercle d’études libertaires Gaston-Leval está lançando um apelo internacional aos camaradas que estariam interessados em escrever um documento relacionado à história da implantação da ISR em seu país, a forma como essa implantação foi realizada e as conseqüências que isso pode ter tido sobre o movimento sindical e/ou revolucionário.
Tal trabalho nos parece absolutamente necessário: de fato, se os métodos de penetração das organizações de massa ordenados pela Internacional Comunista e implementados pela Internacional Sindical Vermelha foram tão eficazes, isto talvez se deva também às próprias deficiências do movimento sindicalista revolucionário e do movimento anarquista, que não foram capazes de enfrentá-los. Isto é o que os camaradas brasileiros chamam de “perda do vetor social”, ou seja, a perda da implantação de massa. Fazer um balanço sem concessão deste fracasso é sem dúvida a melhor maneira de prever uma estratégia realista para o futuro.
Abraço Fraternal, René Berthier
Circulo de Estudos Libertários Gaston-Leval, Junho 2021
Modalidades práticas:
Na medida em que os artigos, traduzidos por nós, serão publicados online no Libertarian World, não há teoricamente nenhum limite de espaço. No entanto, parece-nos que não é razoavelmente desejável que excedam um certo limite de comprimento.
Um máximo de 3.500 palavras ou 25.000 caracteres (com espaços) parece razoável.
Os documentos devem ser enviados para o Cercle d’études libertaires Gaston-Leval com a menção: “ISR”: cel-gl@orange.fr.
Data limite:
Os artigos serão publicados até Dezembro de 2022, data do centenário da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores em Berlim.
agência de notícias anarquistas-ana
no funeral
flores
que ele jamais lhe deu
Ruby Spriggs
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!