[Chile] Por um cotidiano subversivo, seguimos atacando a ordem dos ricos

A baixa e quase nula adesão ao que foi a jornada nacional de protestos contra a última conta pública de Pinẽra denota o que já se advertia desde o ano passado: que a conflituosidade e a mobilização social foram absorvidas pela pandemia e institucionalizadas pelas urnas.

A criminalidade de Piñera a 9 meses de deixar seu cargo só pode deixar saldos felizes, já que conta com uma rejeição popular generalizada, conseguiu primeiro sair em pé da revolta de 2019, conseguiu esticar um estado de exceção e toque de recolher durante toda a pandemia, conseguiu um inédito plebiscito popular por uma “nova constituição” em seu mandato e como declarou na mesma noite da última eleição “é a democracia e com ela somos todos os democratas quem ganhamos”.

É da interpretação deste cenário e de sua autocrítica o que nos permitirá aos setores revolucionários e libertários definir os caminhos para seguir avançando e não nos estancar e nos derrotar.

O fracasso quanto à adesão popular às convocatórias de ontem (01/06) é evidente quantitativamente mas não total em aspecto qualitativo, já que se conseguem focos de protestos ao longo do país por coletivos que continuam com o espírito de combate e revolta intactos.

Tirando conclusões

As últimas e interessantes eleições evidenciam (apesar de sua baixa participação) que existe uma rejeição generalizada à velha institucionalidade e uma rejeição ao modelo econômico atual, o qual levou à aparição de novos setores independentes de esquerda sobre coalizões que nos governam durante 30 anos, e é desde estes feitos que há de se replanejar e incidir não participando e se integrando, mas desde nossas posturas, nos organizando.

O único que continua nas ruas sem descanso é a mobilização pela volta às ruas dxs presxs políticxs, a qual não deve parar, mas que até agora não consegue por si só uma pressão para uma saída sem condições, e deixa como único caminho o esperar a que o novo mandatário no próximo ano decrete um indulto que, bem sabemos, não será para todxs e virá com as imposições, compromissos e o aproveitamento que fará o poder deste.

Apesar de que o povo em luta aposta mais uma vez em seus anseios de mudança pelas urnas e abandonou as ruas, vemos que existe um terreno fértil para a difusão e prática das ideias e propostas que nascem a partir do anarquismo, é por isto que devemos tirá-las do desconhecimento, sectarismo e falta de iniciativa para posicioná-las no levantamento de instâncias que sejam solidárias, de difusão, propaganda/agitação ou comunitárias que vão para um lado mantendo e aprofundando o conflito, e pelo outro planejando soluções autônomas e autogestionárias aos problemas cotidianos, e desde esta prática permanente se vão gerando as propostas que nos permitam avançar na destruição e superação do capitalismo, e ir plasmando esse mundo novo que queremos criar.

Devemos avaliar para definir e não fazer pelo dever de fazer, ou simplesmente fazer por fazer, e sobretudo, estar informadxs e informando sobre os contextos e conjunturas que vamos cruzando, porque é a partir destas interpretações e conclusões onde poderemos definir uma tática e coerência para que o avanço de quem planejamos gerar as alternativas para uma saída revolucionária ao atual estado de coisas seja efetivo.

Grupo de Propaganda Revolucionária – La Ruptura.

Tradução > Caninana

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a chuva no charco
traça círculos
sem compasso

Eugénia Tabosa