No dia 23 de abril inaugurou-se no Museu Bernarda Alba de Valderrubio, uma exposição dedicada à Antonina Rodrigo. A mostra foi proposta como homenagem a uma mulher que tem um longo percurso como escritora e historiadora, mas também como mulher com um compromisso político e social que sempre a acompanhou. “Antonina Rodrigo, obrera de la pluma” é o expressivo título desta exposição e nela se leva a cabo uma retrospectiva sobre a vida, obra, prêmios e distinções desta mulher que foi considerada, por escolha popular, entre “Os cem granadinos/as do século XX”.
A trajetória como escritora e historiadora de Antonina Rodrigo é longa, rica e frutífera. Seus temas de interesse foram diversos e suas obras se agrupam tecendo uma rede em que nenhum ponto é mais importante que os outros e que constituem uma autêntica declaração de intenções cheia de sentido. Seus três temas principais de estudo são: o mundo das “artes” e suas protagonistas (as letras, o teatro, a pintura); biografias de mulheres (e de alguns homens); e a derrota do grupo republicano na Guerra Civil e, especialmente, o exílio. Os três temas se entrecruzam tecendo essa rede cheia de sabedoria e bom trabalho.
Dentro do grupo das “artes” destacam-se seus livros sobre Federico García Lorca, María Antonia la Caramba, Margarita Xingu, Salvador Dalí e outros. Nesse interesse pelas “artes”, desenvolveu a biografia como ferramenta histórica para aproximar-nos às vivências de ditos personagens. No entanto, Antonina Rodrigo se destacou com brilhantismo por resgatar do esquecimento, através da biografia, a mulheres como Mariana Pineda (a quem professa uma singular admiração), María Lejárraga, Rosario Sánchez “La Dinamitera”, Amparo Poch, Federica Montseny, Beatriz Galindo e outras muitas mulheres. Também alguns homens como os já mencionados ou o Doutor Trueta. Por último, o tema da “Espanha silenciada”, a derrota e o exílio, compõem um terceiro centro de interesse no qual se destacam livros várias vezes reeditados como “Mujeres para la historia”. “La España silenciada del siglo XX, Mujer y exilio 1939″ ou sua recente “Mujeres Granadinas Represaliadas”.
Antonina Rodrigo é uma historiadora rigorosa que persegue suas fontes recorrendo ao trabalho de arquivo, um trabalho que requer horas, paciência e dinheiro, posto que ela desenvolveu seu trabalho “independente”, fora da Academia e do apoio e a cobertura que esta supõe. Ela faz parte desse pequeno setor de historiadoras que se posicionou à margem das instituições acadêmicas e que escolheu seus temas guiando-se exclusivamente pelo interesse que lhe despertou em cada momento. Apesar desta posição “à margem” e “independente”, as instituições acabaram reconhecendo seu trabalho, seus prêmios são múltiplos e assim aparecem refletidos na exposição.
Além de historiadora está sua faceta como escritora, seus livros são escritos com primoroso cuidado, esmero no vocabulário, nas palavras, na maneira de transmitir a vida palpitante de seus personagens e dos acontecimentos históricos. Sempre procurou que não se escoasse no relato histórico, a vida, as emoções, o sofrimento, as humilhações, as alegrias. Sempre escreveu sobre a vida e desde a vida, por isso seus livros pulsam em nossas mãos e nos emocionam sem perder o rigor. Não podemos esquecer sua faceta como conferencista na qual se destaca por essa facilidade de transmitir a vida, a “bebida” da história. É uma divulgadora excelente e suas conferências assim o demonstram.
Antonina Rodrigo entendeu o anarquismo e o feminismo, desde o qual desenvolveu seu compromisso, de maneira ampla, flexível e vivencial. Para ela o anarquismo é “uma forma de ser”, uma experiência vital, um compromisso existencial e ético que a leva a insistir sempre nos aspectos humanos. Neste sentido, ela é um exemplo de generosidade e bondade da qual tive a sorte de desfrutar.
Conheci Antonina Rodrigo quando estava investigando Teresa Claramunt e buscava desesperadamente alguma pista da qual estirar para poder seguir adiante. A quantidade de pessoas que se aproximam dela confiando em que possa oferecer algum rastro sobre o que investigam é enorme. Ela sempre atende com generosidade qualquer consulta, se tem algum documento ou indicação que possa ajudar, a oferece com desinteresse, algo que não costuma ser habitual. E muito importante, sempre consegue transmitir ânimos para seguir com a investigação.
Meu contato com ela foi se convertendo no transcurso do tempo em uma amizade que nos levou a compartilhar eventos, viagens e longas, longuíssimas conversas das quais sempre levei a melhor parte porque aprendo de seu fluxo de sabedoria. E tudo isso somado com um sentido do humor cheio de finura e de graça.
Laura Vicente
Artigo aparecido em Rojo y Negro, Mayo 2021, nº 356
Fonte: http://pensarenelmargen.blogspot.com/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
o rio ao lado da estrada
corre
ri à gargalhada
Eugénia Tabosa
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…