Os últimos dias da primeira semana de Junho, Gendarmería de Chile (Genchi) realizou uma transferência massiva de presos da Penitenciária de Alta Segurança (Cárcel de Alta Seguridad – CAS) até a penitenciária de Rancagua, capital da Região de O’Higgins, quilômetros ao sul de Santiago.
Entre estes reclusos se encontram os Anarquistas e Subversivos: Juan Aliste Vega, Marcelo Villarroel, Mauricio Hernández Norambuena, Juan Flores, Joaquín García e Francisco Solar.
A transferência destes presos está motivada pelas mudanças na infraestrutura da CAS, o que se prolongará aproximadamente por um ano. Uma vez terminadas as obras, os presos serão devolvidos à prisão [em que estavam], segundo a informação entregue pela GENCHI, tempo em que meus companheiros estarão afastados de seu entorno afetivo e político. Desta maneira, não só se castiga ao prisioneiro, por sua vez, também a seus amigxs, companheirxs e familiares.
Além disso, é importante ressaltar que no território dominado pelo Estado Chileno não está permitido o livre trânsito entre regiões pelas medidas para prevenir o contágio de Covid-19.
Na Região Metropolitana existem mais de três penitenciárias em que se poderia ter deixado meus companheiros, talvez os poderosos aproveitaram a transferência para isolar e segregar ainda mais os presos, ou talvez nenhuma das prisões próximas cumpre com as condições de segurança para custodiar os réus de alto risco, ou pode ser simplesmente como outra forma de vingança.
A transferência pode estar justificada com isso e com outros argumentos, o que sim é claro que nenhum movimento de poder é caprichoso. Cada mudança na infraestrutura do presídio, como as transferências de presos, é necessária ser feita com cautela.
Por uma parte, as possíveis mudanças que se realizem na CAS, não podem sinalizar nada de bom para os réus. Poderiam ser realizadas especulações sem fim nas possíveis novas medidas de controle, e talvez eu me torne resumida.
Para prever o que poderia mudar na CAS, há de ter em conta que essa prisão não é e nem nasceu como outra qualquer. O CAS é a prisão da Democracia. Esta foi idealizada no modelo alemão e irlandês na luta contra as organizações revolucionárias.
No ano de 1994 foi inaugurada com um inédito e bom complexo penitenciário em que se tentou implementar um estrito regime interno que contemplava visitas por meio de locutórios, uma hora de pátio, entre outros.
Além disso, a prisão é praticamente imperceptível desde o exterior, e consegue ser mais isolada e invisibilizada.
Por outra perspectiva, não há nitidez em que condições carcerárias ou regime estariam os presos transferidos. A Penitenciária de Rancagua é concessionada, vale dizer que grande parte de seu funcionamento depende de empresas externas, diferente da CAS que dependia quase completamente de entidades estatais. Isto se traduz, entre outras coisas, por exemplo, em que a comida da prisão é trazida por uma empresa externa como Sodexo, o que não provê as mínimas condições nutricionais. A isto, se soma que nas prisões concessionadas o ingresso de jumbo (pacotes com alimentos e outros materiais vindos de fora da prisão) por parte de amigxs e familiares é restrito em praticamente todo tipo de alimentos, livros, etc.
Atualmente, todos os presos transferidos são mantidos fechados 24 horas em suas celas, isso se manteria durante catorze dias por possível contágio de Covid, medida completamente injustificada, já que eles não manterão contato com nenhum outro preso que não seja de seu mesmo módulo, não terão contato com o resto da população penal. Diante deste cenário de total isolamento e novo regime carcerário, os presos começaram uma greve de fome líquida, exigindo fim das condições de clausura absoluta e melhoras em sua qualidade de vida.
Entre os presos mobilizados estão os companheiros anarquistas e subversivos, que há pouco mais de um mês de terminar uma greve de fome de cinquenta dias, fazem que seu estado de saúde possa se tornar mais complexo.
Com estas palavras, realizo um chamado a todas as individualidades e coletivos anticarcerários, antagônicos, antiautoritários a estarem cientes da situação dos companheiros anarquistas e subversivos transferidos à prisão de Rancagua, nossos companheiros presos não podem nunca se sentir sozinhos.
Mão aberta ao companheiro.
Punho fechado ao inimigo.
Solidariedade ativa e combativa.
Mónica Caballero Sepúlveda, presa Anarquista.
Primeiros dias de junho de 2021
Tradução > Caninana
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!