Em todo assassinato e maus-tratos da polícia está a ação do Estado e do capital.
A polícia com a qual estamos lidando em cada época e região, assim como a “ordem social” cedida a seu controle, não respondem apenas à vontade individual de seus membros, mas ao que o capital definiu como perigoso para essa ordem. As ideias dominantes de cada época, as ideias que determinam o que é desejável e o que é perigoso, o que é possível e o que é implausível, são as ideias da classe dominante.
Desta forma, a defesa e a promoção desta ordem social por parte do Estado procura fazer de nós colaboradores na miséria policial. É assim que o monitoramento abrange cada vez mais aspectos de nossas vidas, seja controlando nossos padrões de consumo, policiando-nos ou classificando-nos, ou pressionando-nos a denunciar ou policiar outros. Nunca antes os estados e corporações tiveram acesso a tanta informação, a maioria dela exposta voluntariamente pelos consumidores que, à primeira vista, não percebemos nenhuma hostilidade nisto. É assim que, quase sem nos darmos conta, dia após dia estamos naturalizando a visão de mundo que nos foi dada, reproduzindo no cotidiano relações de dependência, controle e colaboração alinhadas com a ordem social capitalista.
Está ficando cada vez mais claro que a principal função do Estado é conter as consequências da crise atual, disciplinando-nos, reduzindo cada vez mais sua função de governo a sua forma repressiva-policial, aumentando ano após ano o número de policiais e de armas. É assim que eles tentam manter sob controle as massas cada vez maiores de pessoas excluídas do mercado de trabalho, das promessas de inclusão, participação e diversidade. É sobretudo nesta massa de pessoas, que não têm nada ou quase nada a perder, que o poder vê hoje o perigo social e a quem reprime e maltrata de forma mais rude.
Neste contexto, após um longo acúmulo histórico de brutalidade policial, a propagação do ódio à polícia é natural. Mas não basta odiar a polícia; se não rejeitarmos o conjunto de condições materiais que as tornam necessárias, apenas reforçaremos sua existência. Basta ouvir a voz daqueles que procuram dotar a polícia e o papel que desempenham na sociedade capitalista com características que os tornam mais agradáveis, mais “humanos”: desfinanciamento, refundação, democratização, controle popular das forças de segurança, são alguns de seus slogans. Em termos concretos, além das possibilidades reais de aplicação, estes projetos propõem medidas destinadas a transferir funções policiais para outros tipos de instituições civis/comunitárias; democratizar as instituições repressivas, gerar organizações civis para monitorar o trabalho policial, mudar o nome, uniforme e currículo das forças, etc., etc. As mesmas vozes enganadoras que em seu ideal progressivo anseiam por “menos polícia, mais educação”, seguindo, conscientemente ou não, uma lógica que o Estado já conhece e aplica: ampliar o escopo das instituições educacionais como formadoras de cidadãos inofensivos para diminuir os índices de desobediência e criminalidade.
A polícia não deve ser reformada, nem sindicalizada, nem supervisionada por nenhuma burocracia política, externa ou desconstruída. A polícia deve ser abolida, destruída e enterrada junto com tudo o que na sociedade a torna necessária: propriedade privada, classes sociais, trabalho.
Recuperar nossos espaços do controle policial e suas lógicas!
Pela destruição de tudo o que nos oprime!
Por uma revolução social!
Biblioteca La Caldera
>> Para baixar, clique aqui:
https://www.mediafire.com/file/8ae977bay3y4kta/noqueremosmejorarlapolicia.pdf/file
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
livro aberto gelado
o norte geme no vento
sobre a página branca
Lisa Carducci
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!