As aspirações do anarquismo sempre giraram em torno do que poderia ser entendido como ética “feminista” – autodeterminação, associação voluntária e consensual, relações igualitárias, relações amorosas livres assim como lgbts, para mencionar algumas. Além disso, a maior parte do que nós anarquistas fizemos na prática, e ainda fazemos, imperfeita e ainda assim belamente, cai sob a bandeira do cuidado coletivo auto-organizado, livremente dotado – ou novamente, o que poderia ser visto como ética feminista.
No entanto, por uma série de razões – incluindo o patriarcado e a heteronormatividade dentro de nossos próprios círculos – tais aspirações e práticas de cuidado comunitário há muito foram desvalorizadas, rebaixadas, ou destruídas, ou tornadas invisíveis. De toda forma, a maré está virando.
Assim como A Vez Anarquista Feminista: Incorporando Cuidado, Gerando Amor irá argumentar, não é apenas a vez das feministas anarquistas, há muito tempo esperada, de serem vistas, ouvidas e levadas a sério, como muitas anarquistas feministas estão afirmando na prática, sem ou com o rótulo de “anarco/a/x-feminista”. Além disso, a virada contemporânea dos eventos mundiais – dos fenômenos globais de pandemias, regimes fascistas e colapso da infra-estrutura para o bem-estar social, aos desastres climáticos e deslocamentos capitalistas – forçou uma virada dentro do anarquismo para priorizar, antes de tudo, as formas de ajuda mútua. Ou seja, cuidar bem um do outro.
Esta antologia editada visa retratar o que a ética feminista anarquista parece ser “no chão” desta era atual: como o cuidado coletivo é incorporado e, portanto, como formas expansivas de amor são construídas, nas formas em que colocamos o anarquismo neste mundo imperioso, de modo a consertá-lo. A coleção oferecerá não tanto uma definição, definitiva ou não, de “feminismo anarquista”. Em vez disso, ela espera criar um retrato intrincado das muitas maneiras pelas quais pode ser compreendida nas e através das experiências atuais.
Especificamente, estou procurando por peças escritas e ilustrações que:
● falam corajosamente desde o coração
● são maravilhosamente trabalhadas em termos de sua prosa/arte e percepções
● trazem várias lentes, incluindo vários gêneros, culturas, geografias, e mais
● exploram a beleza confusa do “feminismo anarquista” na prática, especialmente como participante
● enfatizam as possibilidades anarquistas feministas que nós mesmas estamos criando
● e extraem o poder das sensibilidades feministas anarquistas dentro de tudo, desde coletivos, espaços e feiras de livros, à mídia e às artes, a revoltas, movimentos sociais e ações diretas, à organização de esforços e projetos (defesa de despejo, ajuda mútua, ajuda emocional, trabalho solidário, justiça transformadora, redução de danos – a lista é interminável), a rituais e artes curativas, e mais
Antologias, para mim, são recipientes: de possibilidade, de intervenção, de diálogo, de inspiração e mais – todos tentando agarrar-se à plenitude de quem somos e poderíamos ser. Se você leu algumas de minhas antologias anteriores, você sabe que eu me inclino em pedaços que são capazes de lutar graciosamente com as tensões generativas. Procuro escritoras e artistas que não se esquivam da honestidade agridoce e da vulnerabilidade terna, e através de arcos narrativos convincentes ou obras de arte que evitam finais arrumados ou felizes, oferecem a complexidade tão necessária, empatia rebelde e rachaduras nas paredes que nos dividem.
Por favor, verifique algumas ou todas as minhas coleções curadas anteriores para ter uma ideia: Não há nada tão completo como um coração partido: Consertando o mundo como anarquistas judeus; Decidindo por nós mesmos: A Promessa da Democracia Direta; O Luto Rebelde: O Trabalho Coletivo do Luto; e Tomando partido: Solidariedade Revolucionária e a Pobreza do Liberalismo (tudo na AK Press em akpress.org), e o livro colaborativo que fiz com Erik Ruin, Caminhos para a utopia: Explorações gráficas do anarquismo cotidiano (PM Press).
DETALHES:
Contato: Favor entrar em contato via e-mail no cbmilstein@yahoo.com.
Submissões: Você pode enviar ou ideias para histórias, ou algo que você já tenha escrito e tenha em mãos (se for o caso, envie-me um arquivo .doc ou .docx, se possível). É preferível que você tenha uma relação com a história – por exemplo, como membro coletivo de um espaço, participante de um movimento social, ou alguém ativamente engajado em um projeto de ajuda mútua. Embora eu tenha o prazer de considerar trabalhos publicados anteriormente, procuro principalmente novos materiais para esta antologia.
Você também pode apresentar peças de arte, ou ideias para elas, com base em amostras de seu trabalho anterior. Elas devem ser reproduzíveis em alta qualidade em preto e branco, ou em escala de cinza. É preferível que sua arte seja engajada politicamente (não eleitoralmente) – quer você a venda ou não – como arte de rua, por exemplo, ou em protestos, organização ou esforços de solidariedade.
Atenção: Todos os colaboradores para esta antologia receberão um exemplar do livro acabado e, espera-se, descontos em exemplares adicionais. Dependendo da editora, pode haver um pequeno honorário para cada peça, mas mais provavelmente, isto será um trabalho de amor, inclusive para mim.
Data limite: até 15 de janeiro de 2022
Perguntas: Envie-me um e-mail com toda e qualquer pergunta.
Compartilhar é cuidar: Definitivamente sinta-se livre para circular, postar e enviar esta “chamada para contribuições” para qualquer pessoa, ou qualquer projeto/grupo, que você acha que poderia ficar intrigado e/ou seria um bom ajuste para uma possível submissão!
[1] O título do livro é provisório. Mais importante, embora não devesse precisar ser dito, por “feminista anarquista”, quero dizer “queer e trans” também, independentemente de como se identifique individualmente.
Fonte: https://cbmilstein.wordpress.com/2021/09/28/the-anarchist-feminist-turn-embodying-care-engendering-love/
Tradução > solan4s
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2021/09/17/eua-anarquismo-verde/
agência de notícias anarquistas-ana
Quatro horas da tarde –
O cheirinho de cacau
vem da casa ao lado.
Zekan Fernandes
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!