Há dois anos, as pessoas que vivem no território controlado pelo Estado do Chile eclodiram no que foi denominado estallido. A tradução para a língua portuguesa brasileira ainda não tem um consenso, mas o estallido, esse “estalar” foi uma grande mobilização popular pelo basta às políticas capitalistas, genocidas, etnocidas e patriarcais que foram levadas adiante nos muitos séculos de dominação colonial e, em seguida, militar e neoliberal que levou a maioria da população que lá vive a sentir, na pele, as muitas opressões do Estado sobre a vida das pessoas, dos animais não humanos, e da natureza.
Passados dois anos, e com uma nova Constituição em processo, a luta não parou, assim como as diferentes formas de organização não tiveram início no 18 de outubro de 2019. Diferentes iniciativas, sociais e anti-sociais, estão sendo realizadas para fazer valer as palavras pelas ações: desde a sabotagem, com destruição de caminhões e maquinários de grandes empresários ecocidas que agridem os territórios originários¹ até o lançamento de explosivos para atingir centrais de estudos para investigar e criminalizar iniciativas políticas² são amostras de que a combatividade segue viva, mesmo no declarado Estado de Exceção, que está em vigência em todo o país.
A nova Constituição, sim, é uma conquista dessas jornadas que tiveram o início no estallido³. Porém, a presença de pessoas presas políticas nas prisões-empresas – por lá, as prisões são privatizadas – ainda mostra que o Estado concede apenas migalhas do que foi e é exigido pelas muitas frentes de luta que acontecem por lá.
Neste 18 de Outubro de 2021, relembramos as mobilizações das multidões naquela primavera de dois anos atrás. Relembramos as pessoas que ainda estão sequestradas pelo Estado Chileno em suas prisões. Relembramos os ataques aos povos originários nas diferentes regiões de Wallmapu. Relembramos a xenofobia que o Estado e alguns setores da sociedade lançam contra as pessoas imigrantes. Relembramos a violência dos carabineros, a polícia que agride constantemente as pessoas que vivem nas comunidades que não se beneficiam do neoliberalismo. Relembramos as ofensivas que buscam dignidade em um país onde a Ditadura Civil-Militar destruiu os serviços públicos básicos, como saúde e educação, e impôs um regime de previdência privada no qual as pessoas trabalham até morrer.
Esse modelo militarista e neoliberal, combatido no então denominado Chile, está sendo imposto pelo governo que domina o Estado denominado pela colonização como Brasil. Cabe, a quem aqui vive, olhar e agir, relembrando, inspirando e conspirando, tal como as pessoas companheiras que estão do outro lado da Cordilheira dos Andes.
Relembramos e não esquecemos! Só a luta muda a vida! Viva a Anarquia!
Caninana.
Pindorama [São Paulo], 18 de outubro de 2021.
[3] https://rebelion.org/un-chile-posneoliberal-feminista-y-plurinacional/
agência de notícias anarquistas-ana
Da estátua de areia
nada restará,
depois da maré cheia.
Helena Kolody
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…