Feminicídios, estupros, assédio nas ruas, micromachismo diário, agressões homofóbicas e transfóbicas…
Nada disso é novo, e tudo isso é conhecido.
Sabemos o que nos mata, o que nos estupra, o que nos diminui. Não há necessidade de mais lavagem da mídia, mais denúncias, mais campanhas de twitter – o mundo já sabe, e nossa realidade não está mudando com rapidez suficiente. Sim, todos os sofrimentos precisam ser nomeados, expostos e reconhecidos, e alguns ainda não foram ouvidos e levados a sério pela esfera principal, mas isso não é suficiente. É preciso acabar com isso.
Sexismo no trabalho, na rua, em casa, em assembleias, em festas, nos chamados espaços progressistas radicais…
Nenhum lugar é seguro, ninguém é intocado pelo patriarcado.
Chega dos relativistas do status quo com o “nem todos os homens”, “deve ter havido um mal-entendido” ou “tais assuntos devem permanecer na esfera privada”. Chega de apologistas da cultura do estupro com o “sim, mas essa pessoa estava bêbada”, “o que você estava vestindo?”, “você deveria ter tido mais cuidado”, “não é um estupro se for seu parceiro”.
Sem confiança em belos discursos e pseudo-aliados sem respeito por feministas francas – não importa quem fez o discurso – que não podem aceitar uma única crítica. Para o inferno com a hipocrisia das pessoas sendo um pouco melhor que o arquétipo do macho mediano e, portanto, intocável – o que, devemos lhe dar uma medalha por isso?
O mesmo vale para a imunidade dada aos camaradas machistas pelo movimento anarquista mais amplo, aqueles que não ousamos expulsar porque, apesar de seu sexismo, são bens valiosos. Repetimos em alto e bom som, não há anarquia sem feminismo queer.
Chega de se esconder atrás da desculpa de “somos todos educados sob o patriarcado, não é tão fácil”. Não é fácil, de fato, escolher enfrentá-lo e a qualquer opressão, não é fácil, mas é necessário. Não procuramos conquistar o poder do patriarcado, procuramos destruí-lo.
A prestação de contas é exigida de todos nós, abusadores, amigos deles, colegas de trabalho, vizinhos, camaradas, transeuntes na rua. Vivemos e possibilitamos um ambiente que normaliza o estupro, a misoginia, a transfobia, o sexismo, a ofensa corporal, o classismo, o racismo e a violência indescritível que alguns de nós experimentamos em nosso cotidiano. Não basta apontar os indivíduos como responsáveis por nosso sofrimento. Estamos cansadas de ter que repetir as mesmas histórias repetidas vezes e ninguém está ouvindo. Precisamos nos proteger e nos defender, e não esperamos isso de nenhum lugar e de ninguém.
Vamos nos livrar do estigma da vítima – vamos tomar o controle de nossas vidas
Hashtags, estatísticas, terapia individualizada, longa análise acadêmica sobre o patriarcado provaram não ser suficientes, e nunca serão. Até certo ponto, estes podem até mesmo alimentar a identificação da vítima na qual os opressores querem que permaneçamos, o que nos faz desesperar um pouco mais a cada dia, que nos faz sentir quebradas e mais fracas, que nos lembra que sim somos muitas, mas ainda não fomos capazes de derrubá-lo.
Em vez disso, devemos nos nutrir e nos unir em torno de um propósito comum, legítimo e intransigente contra o sistema cis-branco-hetero-patriarcal no qual se baseiam todas as opressões do capitalismo. O objetivo não é que nossas lutas sejam assimiladas pelo Estado e pelo capital. Não fiquemos presas ao politicamente correto que apenas mantém e pacifica o estado das coisas.
Chega de conversa
Seja com alguns estranhos, nossos parentes, nossos amigos, nossos parceiros – devemos nos sentir no direito de responder a comportamentos que nos incomodam, nos desrespeitam, nos violam da maneira que pudermos, da maneira que escolhermos.
O que precisamos é agir nós mesmas, por nós mesmas e não esperar pela benção ou capacitação de mais ninguém para fazê-lo.
O que nós queremos é respostas insurrecionais que fodam as coisas para sempre.
Que nossa fúria e nossas feridas explodam e desfaçam este sistema.
Vamos recuperar a violência que nos tem sido lançada desde sempre. Quebrar os tabus, quebrar os medos.
Chegou a hora. Venham junto, agrupem-se e reajam.
Morte à família, à igreja e ao Estado.
Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1615653/
Tradução > solan4s
agência de notícias anarquistas-ana
Pesos de papel
sobre os livros de figuras –
Vento de primavera.
Takai Kitô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!