Por Joe Parkin Daniels | 13/12/2021
Manifestantes contra a brutalidade policial foram recebidos com mais brutalidade
A polícia colombiana foi responsável pela morte de 11 manifestantes durante os protestos anti-polícia que se deu na capital em setembro de 2020, de acordo com um relatório publicado esta segunda-feira (13/12) após uma investigação independente apoiada pela prefeitura de Bogotá e pela ONU.
“Foi um massacre policial”, escreveu Carlos Negret, um ex-ombudsman do país sul-americano que liderou as investigações, no longo e mordaz relatório publicado na segunda-feira. “Uma liderança decisiva, ambas política e operacionalmente, baseada em direitos, é necessária a nível nacional e local para evitar esses acontecimentos”.
Manifestações varreram Bogotá e o subúrbio de Soacha em setembro do ano passado, após a viralização de uma gravação mostrando policiais derrubando e agredindo com um taser um pai de duas crianças que fora detido pela quebra das restrições do Covid. “Por favor, parem!”, pode-se ouvi-lo implorando no vídeo. Ele faleceu pouco depois por ferimentos de quando estava sob custódia.
O incidente foi comparado ao assassinato de George Floyd pela polícia em Minneapolis em maio de 2020, cuja gravação também viralizou e desencadeou protestos generalizados.
A morte de Ordoñez gerou protestos que encontraram resposta policial violenta que utilizava rondas “menos-letais”, matracas e gás lacrimogêneo, enquanto manifestantes ateavam fogo em dezenas de quiosques policiais pela cidade. Com 14 manifestantes assassinados – 11 dos quais pela polícia – centenas foram feridos de ambos os lados.
A maior parte das mortes ocorreram nos bairros mais pobre da cidade, levando investigadores a concluir no relatório de segunda-feira que “existe uma criminalização da pobreza pelas forças do Estado, o que desencadeou ações autoritárias e ilegais contra residentes de certos setores sociais”.
“A prática mais representativa e generalizada durante esses dias de protesto foi o uso ilícito da força por parte de membros da polícia nacional”, apontou o relatório. “Essa investigação conclui que a polícia nacional abertamente abandonou os princípios de proporcionalidade”.
A investigação foi realizada a pedido da prefeita de Bogotá, Claudia López, e foi apoiada pelo programa de desenvolvimento da ONU.
“Quem deveria assumir responsabilidade política?”, perguntou López em resposta inclusa no relatório. “Eu, para começar, mas também a polícia e o presidente [Iván Duque]”.
Na época dos protestos, López requereu a Duque que acalmasse a polícia, que responde ao Ministério da Defesa. O presidente colocou os manifestantes como “terroristas urbanos”, emprestando jargões da guerra civil do país que perdura por décadas contra insurgências de esquerda.
Alejandro Lanz, codiretor da Temblores, um cão de guarda da violência policial local, diz que o relatório demonstrou falhas sistêmicas do sistema de justiça, as quais permitiram que os policiais responsáveis escapassem de processos e punição.
“A coisa mais preocupante é que a vasta maioria dos policiais envolvidos no massacre ainda patrulham as ruas de nossa cidade”, diz Lanz. “É surpreendente que apenas quatro policiais foram acusados, e apenas um deles foi privado de sua liberdade, e isso significa apenas prisão domiciliar”.
“É extremamente alarmante ver a diferença de como a promotoria e o sistema jurídico se comporta em casos nos quais a polícia é o provável agressor e nos quais são as pessoas que participaram das manifestações”, declarou Lanz.
Protestos na Colômbia continuam a ser recebidos com violência policial. Em abril deste ano, a resposta policial às manifestações nacionais contra a pobreza foi semelhantemente brutal, com ao menos 20 pessoas assassinadas por policiais nos meses subsequentes de instabilidade, de acordo com a Human Rights Watch.
“A resposta do Estado foi caracterizada por um uso excessivo e desproporcional de força, em muitos casos, incluindo força letal”, afirmou a presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Antonia Urrejola, durante uma coletiva de imprensa em julho deste ano.
Tradução > Sky
agência de notícias anarquistas-ana
No perfume das flores de ameixa,
O sol de súbito surge –
Ah, o caminho da montanha!
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!