“Como filosofia social, a anarquia nunca significou ‘caos’. De fato, os anarquistas se distinguem por crer numa sociedade altamente organizada. Só que organizada de forma democrática, de baixo para cima“.
“Se considerarmos o poder, a originalidade, o alcance e a influência de seu pensamento, Noam Chomsky é, claramente, o intelectual mais importante de nossa época“.
The New York Times
No fim dos anos 70, The New York Times descrevia Noam Chomsky como “o intelectual vivo mais importante da atualidade”. Mais de 40 anos depois, aos 93 anos, o linguista continua sendo para muitos uma voz de referência, e o mais importante dos pensadores contemporâneos.
Conhecido por sua brilhante análise da política exterior estadunidense, do capitalismo de Estado e dos meios de comunicação dominantes, Chomsky segue sendo um crítico formidável, sem remorsos, da autoridade estabelecida e, talvez, o anarquista mais famoso do mundo.
Adepto de um socialismo libertário, em “Sobre o anarquismo” Chomsky compila sua linha de pensamento através de ensaios e entrevistas em que disseca sua visão particular sobre o anarquismo, uma visão particularmente otimista: “a luta interminável pela liberdade e justiça social, às vezes desalentadora, mas jamais perdida”.
Refutando a noção do anarquismo como uma ideia fixa, Chomsky sugere que se trata de uma tradição viva e em evolução. Disputando as tradicionais linhas divisórias entre anarquismo e socialismo, ressalta o poder da ação coletiva, em vez da individualista, e oferece uma magnífica explicação em profundidade sobre o que significa ser anarquista. Com o espectro da anarquia invocado pela direita para semear o medo, nunca foi mais urgente uma explicação convincente desta filosofia política.
Chomsky se interessou cedo por política, estimulado pelas leituras nas livrarias dos migrantes anarquistas exilados em Nova York. Aos 11 anos publicou seu primeiro artigo sobre a queda de Barcelona e a expansão do fascismo na Europa. “Lembro-me do que se tratava porque era um tema que me causou forte impacto. Barcelona acabava de cair, as forças fascistas haviam tomado a cidade e, na prática, significava o fim da Guerra Civil”.
À Guerra dedica um capítulo inteiro neste volume, “O caso espanhol”, no qual estuda o conflito pondo em foco “a revolução popular que transformou boa parte da sociedade espanhola”. Nos meses seguintes ao verão de 1936 na Espanha, interessa ao filósofo “a revolução popular predominantemente anarquista e a grande transformação social que ela deu origem, permitindo que massas de trabalhadores sociais e urbanos empreendessem uma transformação radical nas condições sociais e econômicas”.
“Sobre o anarquismo“, por sua vez, lança luz sobre os fundamentos do pensamento do ativista, especificamente seu constante questionamento da legitimidade do poder estabelecido. “O princípio fundamental que gostaria de transmitir é o de que é preciso demonstrar a legitimidade de toda a forma de autoridade, domínio ou hierarquia, de toda a estrutura autoritária: nenhuma se justifica de antemão”.
O livro reúne, além disso, conversações em que o linguista recupera as heranças convergentes do anarcossindicalismo, do socialismo libertário e do marxismo autoritário para delinear as características de um programa baseado em anseios coletivos que não reduzam os direitos individuais. Chomsky resgata o legado anarquista da utopia para colocá-lo no centro do debate, conduzindo-o com rigor e lucidez ao novo campo de batalha.
De forma breve e acessível, o pensador elabora uma proposta para a transformação social, despojada de purismos ideológicos, num texto sábio, mas humilde. Profundamente relevante para nosso tempo, este livro desafia, provoca e inspira, atuando como referente para os ativistas políticos e qualquer pessoa interessada em aprofundar sua compreensão acerca do anarquismo ou do pensamento de Chomsky em particular. Uma leitura para aqueles que, para além de entender o mundo, desejam transformá-lo.
Fonte: https://culturamas.es/2022/01/03/sobre-el-anarquismo/
Tradução > Erico Liberatti
agência de notícias anarquistas-ana
Quando a chuva pára
Por uma fresta nas nuvens
Surge a lua cheia.
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!