Democracia, armas e Ucrânia

Quatro dos cinco Estados vencedores da II Guerra Mundial compuseram o Conselho de Segurança da ONU: EUA, Grã-Bretanha, França e URSS (hoje Rússia). A China, o quinto, entrou anos mais tarde. Todos os cinco são os principais produtores e fornecedores de armas do planeta. A OTAN foi criada pelos autointitulados Estados democráticos do Ocidente como possível meio de contenção do avanço do socialismo soviético pela Europa depois da II Guerra Mundial. Houve um tempo em que a China simpatizava com EUA e filiados. Hoje, simpatiza com a Rússia. Ontem e hoje, efeitos da diplomacia. Ontem a KGB apoiava Gorbachev a comandar a reforma soviética em glasnost e perestroika. Hoje, KGB é matriz de Putin. Ontem, Trump e Putin eram próximos. Hoje, Biden e Putin são adversários. Ontem, Rússia e Ucrânia, República Popular de Donetsk e a de Lugansk celebravam o Protocolo de Mink 2014-2015. Hoje, já não existe mais. Putin rompeu no final de fevereiro.

política + diplomacia

Então política + diplomacia + guerra é uma equação constante que tem como resultado as esperadas continuidades do Estado, das empresas de armas, da disputa pelo melhor dos regimes, e hoje também do capitalismo e sua racionalidade neoliberal. Então, entra em cena a Ucrânia. Mexe e remexe: migrações, fugas, indignações, protestos, odes à democracia, condenação do capitalismo dos “populistas”, ou seja, do capitalismo ainda que com deformações, porque o do comandante dos EUA sabe mostrar que a democracia, mesmo quando erra, como com Trump, é capaz de revisão… E a Ucrânia? Desde Lenin e Trotsky a Ucrânia virou algo a ser anexado pela URSS dos socialistas, como resultado da invasão alemã e austríaca em 1918. Eles ficaram com a Ucrânia, baniram Makhno e sumiram com xs anarquistas. Hoje, com capitalismo, a Rússia quer permanecer com a Ucrânia. Os EUA querem OTAN e democracia como a sua para o planeta… E dá-lhe exercícios de guerra. E os soldados ainda creem em pátria. São geralmente pobres, obedientes e serviçais. Matam e morrem por quem manda.

inimigos das vidas libertárias

Na última semana, as forças militares do Estado russo ingressaram no território controlado pelo Estado ucraniano. O avanço dos fardados diz respeito aos interesses da autocracia russa, que visa restaurar seu domínio sobre os territórios que, até o início da última década do século XX, estiveram sob a tutela da burocracia socialista comandada pelo Kremlin. Estados do chamado Ocidente, por sua vez, ampliaram, ao longo dos últimos trinta anos, a presença de suas forças de segurança na região, com a finalidade de conter a projeção do Estado russo e assegurar os interesses do seu “mundo livre”. Ou seja, trata-se de garantir interesses de Estados, fundos de investimento, governos democráticos e corporações de todos os tipos. Não se trata de um embate entre “liberdade” e “autocracia”, mas sim entre imperialistas, autoritários, apropriadores, colonizadores e similares. Ao contrário dos democratas de plantão (de esquerda e direita) e dos stalinistas bajuladores do policial que governa o Kremlin, xs anarquistas recusam as dicotomias. Sabem para que servem; para governar. Sabem que todos os envolvidos são seus inimigos.

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agência de notícias anarquistas-ana

Nuvens,
sem raízes
até que chova.

Werner Lambersy