Memória | A Revolução Pela Fome: O Anarquismo Brasileiro Contra a Carestia!

Por Marcolino Jeremias

Em destaque, foto de um comício popular contra a carestia de vida, organizado em maio de 1913, pelo Centro de Estudos Sociais, no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro. No evento falaram vários oradores, entre eles, João Goncalves da Silva, Candido Costa e Orlando Correa Lopes. Durante os seus discursos, a maioria dos oradores declararam sua condição de anarquista, por isso a manchete: “O Anarquismo Já é Pregado na Praça Pública”.

No seu discurso, Orlando Correa Lopes, afirmava: “A república brasileira, modelo de liberalismo democrático, é isso aí que se vê, um monturo (monte de lixo) ignóbil de torpezas e vilanias, uma organização que é – não uma consequência – mas a própria causa do desmantelamento da sociedade em que vivemos. Falo como anarquista, e quero demonstrar ao povo que a anarquia é o regime para o qual fatalmente caminhamos, destroçando as misérias sociais da burguesia e implantando por fim, sobre esses destroços, uma nova era de paz e de justiça, de bem-estar geral e universal. Viva, pois, A Anarquia!“.

E contrariando a falsa ideia exaustivamente repetida – que na verdade era a tese policial da época, da “planta exótica” – que a maioria dos anarquistas eram elementos estrangeiros, a própria imprensa oficial registrava: “O meeting de ontem, convocado pelo Centro de Estudos Sociais e pelas associações sindicalistas revolucionárias desta capital, foi uma reunião onde se fizeram afirmações essencialmente anarquistas. E mais. Os oradores, todos anarquistas, eram todos brasileiros. E estes não são de modo nenhum vagabundos, nem perturbadores da ordem. Os perturbadores da ordem, ao contrário, estão justamente entre os que são pagos para garantirem-na, entre o pessoal da polícia, entre os componentes do corpo de segurança“.

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