Memória | Anarquismo, Raça e Classe!

Por Marcolino Jeremias

>> Em destaque, foto do anarquista negro brasileiro Candido Costa, carpinteiro de profissão, durante um discurso, numa Manifestação Contra a Carestia de Vida, na frente da sede da Federação Operária do Rio de Janeiro, em 1913.

“Seu discurso foi violentíssimo, atacando o Partido Católico”

Candido Costa, além das Manifestações Contra a Carestia, foi membro da Federação Operária do Rio de Janeiro/Confederação Operária Brasileira, tomou parte nas Manifestações Contra a Primeira Guerra Mundial, participou dos Congressos Operários Brasileiros, da Greve Geral de 1917, no Rio de Janeiro, falou em diversas conferências no Centro Cosmopolita, na Liga Anticlerical e em outras associações de classe, inclusive, ao lado da anarquista espanhola Juana Rouco Buela, sobre o tema da organização.

Era tão ativo, que participava até mesmo de eventos antagônicos aos ideais que defendia, para polemizar com seus adversários, como certa vez quando participou de um Comício do Partido Católico. Segundo a imprensa comercial da época: “Mal tinha o orador terminado o seu discurso, um popular de cor preta galgou as escadas e dirigiu a palavra ao povo. O seu discurso foi violentíssimo, atacando o Partido Católico. Uma gritaria ensurdecedora se fez ouvir. Houve bofetadas, pontapés. Candido Costa que é o nome do orador em questão, é carpinteiro e anarquista entusiasta. Terminando o seu discurso que ‘anarquizou’ o comício, foi o orador carregado pelos seus correligionários até a Confederação Operária Brasileira. Ali falou de uma das janelas do edifício, o anarquista Candido Costa, dispersando-se em seguida os populares“.

Sobre o mesmo episódio, a imprensa anarquista registrou: “Se entre nós existisse uma meia dúzia de Candidos Costas isto é, se em toda a parte onde os elementos retrógrados se apresentassem em público para ludibriar os ignorantes e os ingênuos, os anarquistas aparecessem a refutar-lhes os pretensos argumentos, a descobrir lhes a calva e arrancar-lhes as máscaras, não sofreríamos tanto o peso deste ambiente que nos oprime, esmaga e asfixia. Ao Candido Costa um forte abraço pela sua nobre atitude. Que o seu exemplo frutifique“.

agência de notícias anarquistas-ana

O peixe mergulha
do seu salto sobre a rocha:
o rio não para.

Everton Lourenço Maximo