Após vários meses de trabalho coletivo e algumas semanas muito intensas preparando o espaço, ontem (19/05) finalmente era o momento de torná-lo público e abrir o espaço para qualquer pessoa que quisesse se aproximar e se envolver. Muitas pessoas vieram para mostrar seu apoio e alegria. Finalmente havia um Centro Social Okupado Autogestionado em Sevilha, depois de tantos anos.
Não perdemos a calma quando a polícia se aproximou, pois estávamos preparados para enfrentar a situação, com cerca de cem pessoas nas proximidades, com a assembleia bem organizada e unida, incluindo um mediador e um advogado. Dissemos à polícia que o prédio havia sido ocupado por nós há semanas, então eles precisariam de uma ordem judicial para nos despejar, o que eles obviamente não tinham.
Depois de ficar de pé por horas em frente às portas, por volta das 22 horas, um oficial pediu para falar com as companheiras lá dentro. Então a decepção ficou clara: a polícia colocou seus capacetes, mudou sua atitude e foi até a porta. Eles nos empurraram para trás sem pensar duas vezes, até que ficamos numa posição em que seria impossível ver o que eles estavam fazendo com as companheiras lá dentro. Assim, diante dos olhos das pessoas no pavimento e diante de nós, e diante de muitas câmeras de celular gravando e registrando tudo o que estava acontecendo, abriram a porta à força, com grande violência. Quando entraram, ameaçando-as com tasers, forçaram as companheiras a se deitarem no chão para mais tarde identificá-las e forçá-las a sair.
Para colocar a cereja no bolo da série de irregularidades cometidas, metade dos agentes não estava usando crachás de identificação, porque “se há um incêndio se queima” ou porque “eu o deixei cair”, entre outras lamentáveis desculpas. Eles se recusaram a se identificar, adiando o momento de nunca o fazer. Eles também disseram ao advogado que deveríamos esperar para receber o relatório da polícia, para nunca nos entregá-lo.
Assim, eles encerraram com um espaço que acabava de nascer, que havia sido abandonado por 9 anos e ao qual íamos dar uma nova vida, como você pode ler em nosso manifesto de abertura. Mas, como dissemos, eles despejam os espaços, mas nunca as ideias.
Embora a raiva e a frustração que sentimos diante desta situação seja enorme, tampouco estamos surpresos. Já é prática comum em nossa cidade, governe quem governe, que os poderosos e os agentes repressivos que os protegem, ignorem suas próprias leis. Muitos espaços já foram despejados ilegalmente, no calor do momento, sem ordem e de forma intimidante e violenta. Já sabemos que a propriedade privada é defendida acima de tudo e de todos.
Tudo isso só nos fortalece no que fazemos, no que pensamos e no que somos. Nunca esqueceremos o momento de desfraldar a faixa e ler o manifesto, nem as muitas horas que dezenas e dezenas de pessoas passaram defendendo nosso espaço, seu espaço. Vamos continuar okupando e resistindo. RETORNAMOS.
UM DESPEJO, OUTRA OKUPAÇÃO!
EU TERIA VERGONHA DE SER UM POLICIAL!
EM SUA CASA E EM SEU BAIRRO, FEMINISMO LIBERTÁRIO!
MORTE AO ESTADO E VIVA À ANARQUIA!
csoalaleona.wordpress.com
agência de notícias anarquistas-ana
O brilho da nuvem
sob a luz da Lua fria—
sombras pelo chão.
Benedita Azevedo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!