Segunda-feira, 02 de maio de 2022
Quando o protesto se converte em um ritual absurdo de comemoração institucional, o fim deste não é nada mais que uma tentativa do Estado para controlar inclusive aquelas instâncias nas quais tradicionalmente perdia o controle frente ao descontentamento do povo.
Hoje, desde o governo que se autodenomina “nascido dos movimentos sociais” se tenta através das instituições encabeçar as demandas populares, mas sem incomodar aos poderes fáticos que se mostra alerta e ameaçante após a revolta de 2019.
É difícil propor uma mudança desde a instituição após 50 anos de submissão neoliberal, que educou a mais de uma geração na base do individualismo, da competição e da busca irracional do êxito econômico, a custa inclusive da própria vida.
Esta crise de identidade que se reflete na necessidade de aparentar materialmente o êxito não só se impõe desde a elite que sempre se vangloriou de seus privilégios através de seus meios de comunicação e propaganda. Permeou gravemente no mais profundo das classes populares, que chegaram a enaltecer inclusive o narcotráfico por ser uma ferramenta que torna possível o êxito material, chegando assim talvez a poder desfrutar parte desses privilégios que nos exibem nas vitrines, mas que nos proíbem na realidade. O caso mais crítico deste ponto se dá nos últimos enfrentamentos que aconteceram entre vendedores ambulantes que atuam como máfias organizadas na Estação Central contra manifestantes, que sem importar sua idade sofreram os golpes, abusos e disparos por parte de capangas que segundo suas próprias palavras “só defendem e buscam um espaço para trabalhar”, caindo assim na mesma retórica empresarial que justifica a destruição do planeta sob o êxito econômico ou porque o “mercado deve se manter”. Onde apesar de toda análise, o que prima é a competição, o dinheiro e o êxito material.
O cenário é complexo, os discursos revolucionários caem na armadilha da angustiante necessidade do dinheiro, centrando todo objetivo revolucionário em retiradas de dinheiro ou recebimento de ajudas econômicas, que em vez de debilitar o modelo o sustenta e mantêm apesar de que agoniza irremediavelmente.
Hoje ressoam as palavras pronunciadas por George Engel, anarquista enforcado em 1º de Maio de 1886: “Aqui também, nesta livre república” há muitos obreiros que não tem lugar no banquete da vida e que como párias sociais arrastam uma vida miserável. Eu não combato individualmente os capitalistas; combato o sistema que dá o privilégio. Meu mais ardente desejo é que os trabalhadores saibam quem são seus inimigos e quem são seus amigos. Tudo o mais eu desprezo; desprezo o poder de um Governo iníquo, suas polícias e seus espiões. Nada mais tenho que dizer.”
Pela abolição da relação capitalista humano/trabalho. E em comemoração de todos esses obreiros orgulhosos que entregaram sua vida pela dignificação da classe trabalhadora e em conquista de seus direitos fundamentais.
Frente Fotográfica – FF
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Um doce ruído
interrompe meu sonho:
gotas de chuva sobre a folhagem.
Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!