Exposição
A Calcografía Nacional exibe as reaparecidas imagens de Kati Horna e Margaret Michaelis para os anarquistas catalães
Por Justo Barranco | 05/06/2022
Permaneceram em paradeiro desconhecido oito décadas após serem salvos em 47 caixas de madeira, talvez de rifles, pela CNT-FAI durante os bombardeios de Barcelona de 1939. Passaram por Paris, ficaram na Inglaterra na Segunda Guerra Mundial e chegaram em 1947 a seu destino, o Instituto Internacional de História Social de Amsterdam, que já tinha documentos de Marx ou Bakunin e um de cujos fundadores era anarcossindicalista. Ali as 47 caixas seguiram fechadas até a morte de Franco. Nos oitenta foram abertas, mas não se deu importância às milhares de imagens que continham, procedentes do Arquivo Fotográfico dos Escritórios de Propaganda da FAI. Preferiram outros documentos dos anarquistas catalães.
Só em 2016 Almudena Rubio, investigadora do centro holandês, vê seu valor e descobre, graças a livros de anarquistas como Emma Goldman ou Augustin Souchy, os que acompanharam pelo país, que há centenas de imagens de duas grandes fotógrafas, a húngara Kati Horna e Margaret Michaelis, nascida no império austro-húngaro de 1902. Que puseram suas câmaras à serviço da revolução social da retaguarda catalã, aragonesa e valenciana na Guerra Civil. Agora uma centena dessas fotos será exibida até 24 de julho na Calcografía Nacional de Madrid em uma mostra co-produzida por PhotoEspaña e a Diputación de Huesca, as caixas de Amsterdam: Kati Horna e Margaret Michaelis na Guerra Civil , que logo se verá, aumentada a 220 fotografias, em La Virreina Centre de la Imatge de Barcelona.
Fotografias que mostram crianças de colônias com gorros de milicianos, igrejas transformadas em lojas de móveis com colchões empilhados no altar, um boneco burlesco que imita Franco na praça Catalunya de Barcelona ou trabalhadores de vinhas coletivizadas. Também há imagens da frente, mas Almudena Rubio, curadora da mostra, assinala que “é um arquivo de retaguarda e as fotos contam essa história não tão conhecida da Guerra Civil, a da revolução social impulsionada pelos anarquistas e que permite ver os protagonistas, a classe obreira, motivada e feliz: pela primeira vez tomam o controle de sua vida”.
Confessa que lhe surpreendeu descobrir que “as câmaras principais dos anarquistas haviam sido duas mulheres estrangeiras e judias tendo em Barcelona fotógrafos como Antoni Campañà”. Mas acrescenta que eram mulheres independentes “comprometidas com o antifascismo e o anarcossindicalismo”. Michaelis, que tinha desde 1933 um estúdio fotográfico na capital catalã, a retratará em seus momentos de esplendor em 1936. Horna deverá enfrentar a campanha de difamação de Franco contra o antifascismo em 1937. Após ir à Valência, acabaria casada com o artista anarquista andaluz José Horna e em 1938 se exilariam no México.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
a viúva-negra
na calada da noite
sempre sozinha
Cachone
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!