INSTITUTO DE ESTUDOS LIBERTÁRIOS ENTREVISTA GABRIEL RIBEIRO
Instituto de Estudos Libertários > Quem é Gabriel Ribeiro?
Gabriel Ribeiro < Sou banhado pelas águas das encruzilhadas da vida – dos encontros com diversos afetos. Sou um paulistano carioca, nasci na capital de São Paulo, fui para o Rio de Janeiro (capital) aos sete meses de idade, entende? Sou um cidadão carioca que preserva o corinthianismo do pai. Sou fotógrafo, macumbeiro e anarquista. Um autodidata desertor de um modo de vida imposto pela classe média. Sou um entusiasta em desobedecer uma ordem autoritária. Sou filho de Xangô (não iniciado) e gosto de beber das fontes ciganas também. Falar da gente é sempre complexo, pois queremos sempre falar do melhor que nós somos. E uma coisa que aprendi com os anarquismos, é reconhecer as próprias contradições – não fugir do “problema”. A minha natureza pode ser tão doce quanto subversiva. Não suporto “dar ordem”. Sou um amante da vida libertária!
IEL > Quando teve o seu primeiro contato com o anarquismo?
GR < Meu primeiro contato “de fato” com o anarquismo se deu nas “Jornadas de Junho de 2013”, durante os protestos de rua. As táticas do ‘bloco preto’ despertaram muito a minha atenção nessa época, comecei a querer entender e compreender os seus motivos, as suas perspectivas. Eu diria que o meu anarquismo seja “filho” dessas jornadas. Desde então passei a me reconhecer como anarquista, mesmo que pela via empírica. No mesmo período, criei um circuito de estudos e frequências em galerias de arte e centros de cultura, para me dar uma base intelectual e artística para a caminhada na fotografia. Só bem mais tarde, já durante a pandemia, iniciei a responsabilidade e comprometimento no engajamento das pautas anarquistas.
IEL > Nos fale um pouco de sua trajetória antes de chegar ao anarquismo.
GR < Em 2013 eu tinha 28 anos. Venho de uma família de classe média, filho de pai bancário (servidor público, atuou por muito tempo como gerente de banco) e mãe bancária, também, atuando por muito tempo em funções administrativa dentro das agências (uma servidora pública). Entrei para a faculdade de Publicidade de Propaganda em 2005, aos 20 anos de idade. No meio do curso eu tranco por questionar o sistema capitalista por conta dos filósofos que tive acesso no curso. A partir deles, não me lembro como, chego até Karl Marx. Fiquei até os meus 29 anos “batendo cabeça” em empregos nos ambientes corporativos. Com 29 ganho uma máquina fotográfica do meu pai. Em 2012 saio de casa sem dinheiro algum por me sentir humilhado pelo meu pai, desde então, com meus 28 anos, minha relação com a rua ganhou outra dimensão, bem diferente daquela “pequeno-burguesa” de antes. As rodas de rap, as festas de rua, encontro com pixadores, andanças pelas rua do Rio de Janeiro e sobretudo, nas ditas festas “undergrounds” da cena da música eletrônica – seja como amante, seja como fotógrafo. – Quando fui morar na região serrana, a vida me trouxe alguns apontamentos, gerando reflexões e amadurecimento. Por aqui, produzi projetos fotográficos como: “In-Formal” que conta um pouco das histórias de vendedores ambulantes em Itaipava, distrito de Petrópolis-RJ, esse trabalho foi exposto no Centro no Centro Cultural Raul de Leoni; “Corpos Docentes”, no qual busquei valorizar o pensamento crítico de cada professor e professora, a exposição aconteceu na Sala Augusto Ângelo Zanatta, espaço da Prefeitura de Petrópolis; Ruínas: fragmentos de uma cidade – levantei umas questões envolvendo as casas abandonadas, as obras ficaram expostas no Sesc-Nogueira. Antes da pandemia tornar esta tragédia que se tornou, eu estava fotografando os quilombolas do Quilombo Boa Esperança, no município de Areal-RJ, o intuito era mostrar como essa comunidade de organiza e promove seus modos de sociabilidade. Esse projeto se encontra suspenso até eu poder retomar com todo o cuidado necessário. Tive algumas fotografias publicadas em jornais e no Foto em Pauta.
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agência de notícias anarquistas-ana
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