“Religião! Como domina a mente do homem, como humilha e degrada sua alma. Deus é tudo, o homem é nada, diz a religião. Mas deste nada Deus criou um reino tão despótico, tão tirânico, tão cruel, tão terrivelmente exigente, que só a tristeza, as lágrimas e o sangue governaram o mundo desde que os deuses começaram. O anarquismo incita o homem a rebelar-se contra este monstro negro. Rompas vossos grilhões mentais, diz o Anarquismo ao homem, pois só pensando e julgando por vós mesmos podereis vos libertar do domínio das trevas, o maior obstáculo para todo progresso“. Emma Goldman
Faz uma semana, por causa do assassinato da iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, nas mãos da polícia da moral de Teerã, milhares de mulheres iranianas têm se manifestado nas ruas contra a imposição do “hiyab”, a repressão e o regime ditatorial.
Amini foi detida pelos agentes que velavam pelo uso do “hiyab” enquanto visitava seus familiares em Teerã. Foi golpeada em um furgão quando a levavam ao centro de detenção de uma conhecida prisão da polícia da moral para uma “sessão informativa” de uma hora e, ao final de uns dias, acabou no hospital, sucumbindo aos ferimentos infligidos pelos agentes. Milhares de mulheres saíram à rua, queimando seus lenços em sinal de protesto e com o lema central, entre outras muitas bandeiras antigovernamentais, “Mulher, Vida, Liberdade” [jin, jiyan, azadi]. Nas manifestações que continuaram nos dias seguintes, a repressão imposta foi tão brutal que já se contam 31 mortos, por abrirem fogo contra os manifestantes e centenas de feridos e golpeados pelas forças repressivas.
A nível mundial, se evidencia um esforço universal para reestruturar o sistema de Estado capitalista, que luta por manter seu poder promovendo o conservadorismo e a disciplina em todos os níveis da vida social com o objetivo de voltar aos princípios básicos do sistema: a família nuclear e a homogeneidade nacional. Desde a proibição do aborto na Polônia e a anulação da doutrina ROEvsWADE nos EUA, até os feminicídios, violações e abusos diários, as redes de tráfico sexual que saem à luz constantemente (mas também as que não saem, que principalmente preocupam as mulheres imigrantes), o recrudescimento do ataque do sistema contra as mulheres é claro: intensifica a repressão.
O patriarcado e os papéis que impõem são parte integrante da organização hierárquica da sociedade por parte do Estado e do capital. Nas condições modernas também é parte do canibalismo social que promove com que os padrões políticos e econômicos sigam sendo os mesmos inesgotáveis: uma guerra de todos contra todos, na qual se promove a matança mútua dos pobres e ao mesmo tempo fascista. Constroem-se reservas nacionalistas e intolerantes do sistema, apontando a quem seja considerado “débil” na base da hierarquia social e de classe imposta. A religião, como outra forma de dominação, nunca pode ser um caminho de liberação para o corpo social. As religiões, apesar de tudo, sempre foram a conspiração da ignorância contra a racionalidade, da obscuridade contra a razão.
Nós, como mulheres anarquistas organizadas, nos solidarizamos com os insurgentes no Irã e percebemos a religião como outra tirania imposta especialmente às mulheres dentro do sistema autoritário patriarcal, nos negamos a entregar nossos corpos aos parlamentos de qualquer governo ou religião. Nos organizamos e coletivizamos contra tudo o que nos oprime, com o objetivo de difundir o questionamento dos limites do papel da mulher e as ideias dos que se opõem ao patriarcado e ao controle de nossos corpos, para impingir outro golpe ao mundo das mulheres. Poder, definindo nossas próprias vidas.
DO IRÃ AO MÉXICO – CONTRA A OBSCURIDADE RELIGIOSA
AS LUTAS DAS MULHERES PELA VIDA, A EDUCAÇÃO, A LIBERDADE
Reunião de microfones – terça-feira 27/09 às 19h00, Kamara, Tessalônica
Mulheres Livres, Coletivo pelo Anarquismo Social Negro e Vermelho, integrante da Organização Política Anarquista – Federação de Coletividades
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
na blusa velha,
muitas borboletas –
ele adora tocá-las…
Rosa Clement
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!