A seguir, trechos de uma entrevista que o cantor e compositor Belchior, “um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes“, concedeu “libertariamente” em junho de 1982 ao jornal O Pasquim. Belchior morreu no dia 30 de abril de 2017, aos 70 anos.
Ricky > Você participou do movimento estudantil de 68?
Belchior < Participava, mas de forma alternativa, achando que devia seguir outro rumo, pois era voltado à própria instituição, quando cabia ao universitário repensar todo o ato político brasileiro naquele momento. Por exemplo: eu achava que cabia aos estudantes pensar as alternativas para uma mobilização política que não fosse capitalista ou socialista. Queria uma experiência anarquista, no sentido mais rígido da palavra, uma experiência desordenadora. Imaginava que podíamos aproveitar a oportunidade do movimento estudantil pra ser algo mais que caudatário do movimento político institucional. Pretendia uma coisa mais concreta e inovadora que fazer passeatas de ‘abaixo o imperialismo’. Mas ao ultrapassar o movimento retórico fui vencido.
Ricky > O pessoal de 68 continuava agindo como nossos pais?
Belchior < Ah, minha música colocou isso de modo mais nítido e possível. Acho o seguinte: sem prática anarquista, não dá pra reformar ou transformar as sociedades. Mesmo nas democracias, existe excesso de poder. O Governo deve ser um organismo de serviço e não de autoridade. O critério de manutenção do poder deve ser a competência em prestar esse serviço. Devemos lançar fora esse negócio de carisma, de visão mística da autoridade, ligada a preconceitos religiosos antigos. A visão contemporânea do poder hoje é a Pax Mercatoria, a paz dos interesses.
agência de notícias anarquistas-ana
A chuva passou.
A noite um instante volta
A ser fim-de-tarde.
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!