Vamos chegando ao final de 2022, e com isso, vivemos o período de mais um circo eleitoral, desta vez com ainda mais ares de espetáculo, em meio a um cenário ainda muito grave de fome, miséria e violência contra as classes oprimidas. Com a máquina a seu favor, Bolsonaro e Militares além de focar no jogo eleitoral, mantêm uma base de apoiadores mobilizada e violenta, como demonstraram os atos de 7 de setembro e episódios recentes.
Enquanto isso, uma frente política ampla encabeçada por Lula e Alckmin conclama uma conciliação de classes ainda mais recuada que nos últimos períodos. Esse movimento foi representado pelas cartas pró-democracia, articuladas pelas grandes entidades patronais, como Fiesp e Febraban, os setores mais aristocráticos ligados à USP e a outras entidades, e com amplo apoio das grandes empresas de mídia, que impuseram uma derrota ao golpismo de Bolsonaro e Militares, que se viram obrigados a recuar. Isso demonstrou que a maior parte da classe burguesa é contrária a qualquer tipo de ação que possa ameaçar a institucionalidade que os favorece. Essa direita mais tradicional, que em 2018 engrossou as fileiras bolsonaristas, no contexto atual está convencida de que deverá governar com Lula e Alckmin, para corrigir a rota do grande capital no próximo período.
Apesar desse diagnóstico imediato, não podemos minimizar os riscos que ainda se apresentam, com a extrema-direita crescendo entre policiais e militares, CACs, ruralistas, religiosos e setores da pequena burguesia, um cenário que pode se manifestar em ações violentas de pequenos grupos de indivíduos radicalizados, com seu projeto fascista. É urgente neste momento apostar na combatividade através da ação direta e na autodefesa, mas para boa parte da esquerda, o melhor é não subir o tom para não assustar os de cima durante as eleições. É por isso que não houve resposta aos atos bolsonaristas do 7 de setembro: o Grito dos Excluídos foi esvaziado, assim como os atos de 10 de setembro, que ganharam um tom muito mais de campanha eleitoral do que de protesto, sem sequer ter sido convocado pelas centrais sindicais, o que consequentemente não reuniu multidões.
Como anarquistas organizados, como revolucionários, reforçamos que a via eleitoral – seja enquanto voto crítico, antifascista ou qualquer argumentação de voto estratégico – não irá fazer as reais transformações que as classes oprimidas realmente precisam! Nessa conjuntura específica, tampouco vai conseguir derrotar a extrema-direita, que já se encontra impregnada no tecido social e vai seguir assim pelos próximos anos, se não houver um enfrentamento decidido e a construção de um campo que rompa com a estratégia hegemônica da esquerda brasileira nos últimos anos, a qual propõe a centralidade na conciliação de classes por meio da disputa interna das instituições burguesas. Sem que os movimentos populares façam luta de forma radical, em um contexto que o PT, caso vença, não terá uma situação econômica internacional favorável, não haverá qualquer avanço para as e os de baixo – e é bastante provável que a extrema-direita voltará a ganhar a simpatia de pessoas indignadas com a farsa do Estado Democrático de Direito, que mantém esse sistema de exploração e opressão. Lembramos que foram os enfrentamentos contra a direita nas ruas, em 2020, que colocaram o bolsonarismo nas cordas e permitiram alguns recuos no projeto autoritário de bozo e milicos.
Essas eleições são mais uma prova de que a centralidade nas urnas é um obstáculo para as lutas populares e a transformação da sociedade! É preciso apostar na ação direta cotidiana, e na construção de uma Frente de Classes Oprimidas que rompa com o reformismo e una as pautas dos movimentos sociais levando em conta suas necessidades e não o que é melhor para a eleição do político de turno, para avançarmos em mudanças profundas, que possam derrotar a burguesia e construir o Poder Popular!
Por vida digna, contra o sistema da fome e da morte!
Povo forte organizado em ação direta na luta pelo Poder Popular!
Organização Anarquista Socialismo Libertário – OASL
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