Eu não faço música partidária. Eu sou a favor de um recrudescimento das qualidades individuais, diante de qualquer instituição e também da instituição política. Tem governo, eu sou contra. Tem partido, eu sou contra. Eu não quero pertencer a partido, igreja, escola, a nenhum grupo institucional. Se eu pertenço a algum é por estrita obrigação da qual eu não posso fugir. Nós os homens deste tempo, estamos humilhados pelas injunções do poder. Eu não quero poder nenhum. Ao contrário o poder é corruptor. Por natureza, o poder é avarento. Não é trocar um poder por outro. Eu quero diminuí-lo. Eu só pertenceria a um partido que não quisesse o poder. A arte deveria, ou deve, dizer às pessoas que o poder não é tão importante. Por que temos de obedecer? Por que nós devemos estar humilhados ou sujeitos à ideologia, política, pensamento, religião? Por quê? A minha arte quer propor uma liberdade de tudo. Eu como artista posso propor uma coisa muito maior do que qualquer partido político pode propor. Eu sei que não posso conseguir, porque não faz parte da arte a concepção desses resultados. Mas posso propor coisas muito mais abertas. Como artista posso propor muito mais liberdade do que qualquer partido político pode propor para mim. A minha função como artista é muito maior do que se eu fosse deputado, senador. O que eles podem propor, podem fazê-lo dentro de determinados limites e eu posso extrapolar esses limites.
Belchior
“Entrevista Revista Música” (1979)
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Zemaria Pinto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!