Caro companheiro, companheira…
Meu nome é Caterina Camastra, sou italiana, 46 anos de idade e vivo no México há mais de vinte anos. Sou uma anarquista individual e, no momento, não faço parte de nenhum coletivo. Como ‘gato solto’, colaborei nos últimos meses com o blog do Grupo Anarquista Galatea – FAI-Catania e com o Umanità Nova Online.
A partir de 2014, comecei a ir a Cuba assiduamente, por razões profissionais, e tive que acabar percebendo e admitindo a realidade mais marcante, a de uma ditadura estalinista implacável que nada tem a invejar da variedade de capitalismos opressivos instalados na América Latina (e no mundo). Vi com meus próprios olhos uma série de injustiças, incompetência, corrupção, repressão policial e militar, discriminação sócio racial e sofrimento, em total contraste com a retórica do socialismo caribenho que o regime ditatorial cubano vende ao mundo, particularmente ao turismo de esquerda europeu e latino-americano. Um regime ditatorial que desde o início promoveu o enriquecimento da família Castro e uma estreita cúpula militar.
Desde a pandemia, a situação piorou. Em todo o mundo, as costuras da injustiça nos respectivos sistemas nacionais de saúde explodiram, evidenciando deficiências e má gestão. Cuba não foi superada, apesar da retórica oficial sobre a pesquisa local para o desenvolvimento de uma vacina “soberana”.
Os números exatos da mortalidade na COVID-19 são incertos, dada a falta de informações independentes e transparentes sobre o assunto; o que é evidente é a proliferação de toda uma série de doenças evitáveis devido à desnutrição e à falta de medicamentos, bem como a crescente deterioração das condições higiênicas e estruturais: doenças de pele, dengue, leptospirose, entre outras.
Além da desastrosa situação sanitária, há uma gestão muito ruim de eventos climáticos extremos. Uma sucessão de acidentes e catástrofes naturais destacou os graves defeitos estruturais, assim como a incompetência das autoridades: referindo-se apenas a 2022, podemos contar a explosão do Hotel Saratoga em Havana em maio, o incêndio da usina termelétrica Antonio Guitera em Matanzas em agosto, a passagem do Furacão Ian em setembro. O embargo dos EUA, embora exista, não é o principal culpado pela situação na ilha caribenha, que em vez disso sofre com a incompetência, negligência e corrupção do regime. O número de cubanos que emigraram ilegalmente para os Estados Unidos durante este ano é de cerca de 200.000, sem contar aqueles que chegaram a outros países.
Nesta situação, a resposta solidária da sociedade civil organizada dentro e fora de Cuba tem sido crucial para aliviar a crise humanitária. Ao invés de organizações não governamentais estruturadas como tal, as que foram ativadas são redes de solidariedade de base. Hilda Landrove, mencionada mais tarde nesta mesma carta, é um exemplo disso com o grupo ‘Hilos de solidaridad’ (https://www.facebook.com/hilosdesolidaridad).
Nesta ordem de ideias, vou do México para Cuba em dezembro [próximo] com o objetivo de entregar 46 kg de medicamentos (duas malas de 23 kg cada, o máximo permitido pela companhia aérea) para contatos na sociedade civil (cuja identidade é confidencial por razões de segurança, estamos falando de um Estado totalitário que olha com desconfiança para a auto-organização) que os distribuirá a pessoas necessitadas, sem passar por nenhum canal oficial do Estado, já que infelizmente são conhecidos casos de roubo de ajuda humanitária, vendidos ou distribuídos de forma clientelística, ou em qualquer caso de gerenciamento hiperburocratizado, ineficiente e opaco.
Como tirar ajuda da capital é cada vez mais complicado, como os meios de transporte são escassos e altamente ineficientes, as duas malas serão entregues nas cidades de Ciego de Ávila e Camagüey, a cerca de seis a sete horas de distância de Havana. Por esta razão, planejo alugar um carro para poder me locomover mais facilmente e alcançar alguns dos lugares que normalmente se beneficiam menos da ajuda humanitária.
Para cobrir as despesas que vou realizar, e que previsivelmente não serão baixas, decidi, portanto, lançar uma campanha.
Uma lista parcial das despesas a serem cobertas é a seguinte:
– transporte terrestre e aéreo, 550 euros;
– transporte de duas malas extras, 50 euros;
– aluguel de carros 5 dias, 600 euros;
– 46 kg de medicamentos (incluindo malas), custo ainda a ser determinado.
A coleta e embalagem de medicamentos será organizada por Hilda Landrove, antropóloga cubana, jornalista e ativista que vive na Cidade do México.
– gasolina;
– pensão e hospedagem para três pessoas durante quatro dias, como o companheiro Boris Millán Díaz, do Taller Libertario Alfredo López e do Centro Social y Biblioteca Libertaria ABRA, e um de seus cuidadores (Boris sofre de atrofia muscular) me acompanhará desde Havana.
Eu, Caterina, posso ser contatado pelo e-mail saeeda.bai@gmail.com ou pelo Telegrama @Catilaoruga
Para doações: AVISO IMPORTANTE
Como Cuba está sob embargo, os principais sites de transações on-line muitas vezes bloqueiam transações que têm algo a ver com a ilha. Por exemplo, uma transação poderia ser bloqueada se a palavra “Cuba” aparecesse no motivo da transação. Para evitar um possível bloqueio de dinheiro, peço-lhes que simplesmente escrevam “Solidariedade” no motivo do pagamento.
PayPal: saeeda.bai@gmail.com
Transferência bancária
Titular da conta: Caterina Camastra
Banco: BPER
IBAN: IT79W0538757570000003313951
agência de notícias anarquistas-ana
a borboleta
pousa sobre o sino do templo
adormecido
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!