Por Marcolino Jeremias
Em 1912, a Liga Anticlerical e a Federação Operária do Rio de Janeiro dividiam a mesma sede na rua General Câmara, número 335. Em 1910, nesse mesmo endereço, também reunia-se o Grupo de Propaganda Social.
O ativo militante Carlos Lacerda, num texto desse período, assim descreveu o ambiente onde os anarquistas e sindicalistas revolucionários se encontravam: “Atravessei a praça da República, passei diante da prefeitura e entrei na rua General Câmara, quando, de longe, percebi que a sala do número 355 estava iluminada. Bom, disse comigo, como estamos tratando da comemoração do dia 13 de outubro, os anticlericais começam a acudir ao toque de reunir. Apressei o passo e entrei em uma casa velha, de aspecto sombrio, paredes grossas como as de uma fortaleza, sem gosto arquitetônico, como são todos os edifícios dos tempos coloniais. Estava na sede da Liga. Subi ao 1º andar e quando quis penetrar na sala, estava cheia como um ovo. Lancei o olhar para dentro do recinto, quando vi que alguém me fazia sinal com a mão, de aproximar-me: — Era o França! Pedi licença e atravessei o espaço que vai da porta a uma janela. — Que há? Que quer dizer toda esta gente assim reunida? Perguntei. — Não sabes? São os sapateiros que estão em greve, que acordam para a luta, estão firmes!“.
Foi justamente nesse mesmo período, nesse mesmo endereço e, sobretudo, com esses mesmos personagens que o histórico e emblemático professor José Oiticica foi apresentado, nos meios operários, ao anarquismo. O pintor e militante anarquista José Romero registrou esse acontecimento: “Nessa altura a Federação tinha a sua sede num sobrado no antigo Largo do Capim, situado entre as ruas General Câmara, S. Pedro e Andradas, na direção desta última. Um dia José Oiticica, com a sua inseparável pasta, subiu a escada do sobrado, entrando no recinto dos trabalhadores, que não tinham medo de ouvir falar do ideal anarquista e ler os seus pensadores e propagadores, lugar perigoso segundo os burgueses caçadores de votos e demais defensores do regime capitalista. Logo deparou com vários grupos, uns sentados e outros em pé. Ao encontro dele, por ser pessoa desconhecida dos presentes, foi um membro da comissão administrativa da casa. Era um companheiro, carpinteiro de profissão, mulato, natural de Maceió, de quem, no momento, só recordamos o sobrenome, que era França.
— Que deseja o nosso amigo? Perguntou-lhe. — Desejava falar com o presidente ou diretores, respondeu Oiticica. — Aqui não temos presidentes, nem diretores. Replicou por sua vez o companheiro alagoano, criatura de temperamento expansivo e alegre, agregando: Só há comissões administrativas que executam as decisões das assembleias. — Muito bem, disse Oiticica, e a seguir pronunciou mais algumas palavras que não recordamos bem, cujo sentido fora de haver encontrado alguma coisa do que desejava e lhe causava satisfação“.
Motivado por esse primeiro contato com os ideais anarquistas, o professor mineiro, José Oiticica já aparecia, em julho de 1912, realizando um curso de sociologia, na sede na Liga Anticlerical, promovido pelo grupo A Guerra Social, que também tinha um núcleo em São Paulo. Esse foi o início da longa e frutífera militância anarquista de José Oiticica, apoiado por seus companheiros e companheiras. Nem tudo era italiano, estrangeiro, nem “flor exótica” como afirmavam as autoridades brasileiras (com o objetivo de combater o anarquismo), ou como parte da historiografia oficial permanece repetindo durante décadas!
agência de notícias anarquistas-ana
tinta no pincel
fantasia com asas
pardal no papel
Carlos Seabra
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…