No verão de 2021, a Grécia foi atingida por incêndios florestais devastadores. Somente na ilha de Evia, a região mais afetada, 50.000 hectares de floresta, terras agrícolas e casas foram arrasados. Milhares de pessoas foram evacuadas para evitar que o fogo ceifasse vidas humanas – mas uma vez apagadas as chamas, muitas encontraram suas casas e meios de subsistência destruídos.
Neste contexto, enquanto o governo grego em seus comunicados de imprensa celebrava as evacuações como uma estratégia bem sucedida para evitar a perda de vidas, em 7 de setembro de 2021 a organização anarquista Rouvikonas ocupou o Ministério do Meio Ambiente. Os 24 participantes da ação desfraldaram uma faixa com as palavras “Estado incendiário” e encheram os andares do edifício com panfletos com a mesma mensagem. “O combate a incêndios, a resposta a enchentes e até mesmo a proteção da saúde em uma pandemia NÃO são a primeira prioridade do Estado. “O estado não é incompetente. Pelo contrário, ele é extremamente capaz de fazer seu trabalho. O trabalho deles, não o nosso”, declararam, denunciando a falta de medidas de prevenção de incêndio, o orçamento insuficiente para o serviço de bombeiros e a negligência das vítimas de incêndio por parte das instituições.
A ação terminou com a prisão dos 24 ativistas. Esta semana, no dia 8 de março, eles serão julgados pela interrupção do funcionamento de uma instituição pública, um crime punível na Grécia com até 3 anos de prisão. Vinte dos réus foram acusados de desobediência por se recusarem a dar suas impressões digitais.
Em seus mais de 10 anos de atividade, o Rouvikonas passou por uma multidão de julgamentos por ações similares: ocupações de ministérios, grafites nas casas de políticos corruptos, intervenções nos escritórios de empresários exploradores… No entanto, o trabalho da organização não se limita a apontar os responsáveis pela desigualdade social. Fiel a seu apelo de auto-organização e apoio mútuo, o Rouvikonas mantém dois centros sociais auto-organizados em diferentes partes de Atenas, um dos quais abriga a “Estrutura de Saúde Auto-organizada de Exarchuia” (ADYE), que presta assistência médica gratuita e independente a migrantes indocumentados e a qualquer outra pessoa cujas necessidades não sejam cobertas pelo sistema de saúde oficial, cada vez mais privatizado. Durante a pandemia, a organização foi um dos principais motores de uma rede de cozinhas solidárias que hoje continua a servir centenas de refeições quentes aos desabrigados em Atenas todos os dias.
O julgamento sobre a ocupação do Ministério do Meio Ambiente coincide com uma época em que, após o devastador acidente ferroviário entre Atenas e Tessalônica, as ruas da Grécia estão mais uma vez cheias de raiva pela negligência do Estado na prevenção do desastre. Nesta situação, o Judiciário grego terá que pensar cuidadosamente se deve continuar no caminho da criminalização daqueles que exigem respeito pelas vidas humanas e pela natureza.
Solidariedade com os 24 réus do Rouvikonas!
Fonte: https://rouvikonas.gr/archives/5197
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
a luz do poente
escala a alta montanha;
no cume será a noite.
Alaor Chaves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!