Na quinta-feira, 27 de abril, ocorreram manifestações maciças de violência de rua em escolas secundárias emblemáticas de Santiago, convocadas pela interrupção do “Dia do Carabinero (Paco)”, uma instituição com um histórico de corrupção, tortura, mutilações, desaparecimentos e assassinatos, desempenhando um papel fundamental por ser o braço armado do Estado. Refrescando nossa memória, descobrimos que “(…) durante as décadas de 1930 e 1940, a forma como as manifestações eram reprimidas mudou, com o exército assumindo cada vez menos essa tarefa e os Pacos assumindo cada vez mais esse papel. Durante a década de 1930, as bombas de gás lacrimogêneo começaram a ser usadas e, em 1936, foi fundado o Grupo Móvel, um grupo especializado de policiais para reprimir protestos (mais tarde chamado de FFEE e agora COP). Na década de 1940, os pacos já eram os protagonistas de todos os protestos, realizando o massacre da Praça Bulnes em 1946, no qual mataram 6 pessoas, e a greve dos motoristas de ônibus de 1947, na qual mataram 4 pessoas” (La Rebelión del Matico, 2023).
Atualmente, no que conta como todo dia de manifestação e violência de rua, os estudantes secundaristas são respondidos pelo COP com a brutalidade que se caracteriza no uso de piquetes, carrinhos lançadores de gás (zorrillo) e canhões de água (guanaco), tendo sido feridos e detidos. Nesse dia, prenderam três estudantes do Liceu 1 e, no Liceu Barros Borgoño, um estudante foi atropelado por um desses carros lançador de gás, deixando-o com pequenas escoriações. Diante da situação de atropelamento, o Coletivo Matico y Ácrata emitiu o seguinte comunicado, cujo trecho é reproduzido abaixo:
“Com relação ao nosso companheiro atropelado pela polícia, à repressão dentro das escolas de ensino médio, ao uso criminoso de armas contra estudantes e às atuais mobilizações estudantis: a vingança é a única opção”.
Os eventos ocorridos
No dia 27 de abril, por volta das 10h30, um grupo de 25 a 30 companheiros mobilizados bloqueou as ruas de San Diego em mais um ano contra a instituição bastarda da polícia. Tudo permaneceu normal, até o aparecimento dos corpos repressivos e o uso de seus métodos dissuasivos, onde todos nós, como comunidade e corpo estudantil, sofremos os efeitos do gás e da repressão na pele.
É preciso dizer que a repressão policial em todos os momentos foi brutal e com o objetivo de causar o maior dano possível ao corpo estudantil, chegando ao ponto de atropelar e colocar em risco a vida de um de nossos companheiros, apontando o jato do guanako diretamente para o corpo e gaseando os rostos dos companheiros à vista de todos.
Com relação ao nosso companheiro atropelado pelo carro de gás
Ontem sofremos um grave atropelamento intencional pelo zorrillo J-014 em um companheiro que naquele momento estava na rua, jogando-o cerca de um metro e meio na calçada em direção ao colégio e, por sua vez, jogando gás diretamente no corpo enquanto o companheiro estava atordoado e fugindo.
Como coletivo e estudantes do Liceu Manuel Barros Borgoño, criticamos fortemente o ato cometido pela polícia, já que o motivo desse ataque não foi outro senão causar ferimentos graves, contusões ou ser cruel com nosso companheiro. Por esse motivo, o apelo urgente é para que sejam tomadas medidas concretas e sérias diante dessa situação, que pode nos deixar com um companheiro morto e gravemente ferido.
Pedimos vingança com nossas mãos e um aviso de que esse ato não ficará impune. Como estudantes, coletivo e comunidade, rejeitamos e repudiamos as ações da polícia e de sua instituição historicamente repressiva e assassina.
Atualmente, o companheiro está sofrendo de ferimentos leves e contusões que continuam a causar dor ao toque ou ao movimento. Mesmo assim, se a reação de nosso companheiro não tivesse sido evasiva e rápida, ele teria sido atropelado por um carro com consequências graves ou afetando totalmente nosso companheiro, já que o zorillo estava se movendo em velocidade e com intenções de matar.
E como se não bastasse a repressão policial, temos que levar em conta a repressão sistemática contra os estudantes dentro dos mesmos colégios, como comenta a Rede Anti-Repressão, que detalha que no Instituto Nacional houve citações por falsas acusações a um professor com histórico de violência, no L1 ameaças de tomar medidas contra os estudantes detidos e no Inba um esclarecimento da reitoria de que não cessariam as “pressões dos inspetores aos estudantes”.
Havia faixas, cartazes e panfletos: “Porque há muito o que mudar. Isaurinxs na rua para lutar”, “Feliz dia paco ctm. Não comemoramos bastardos”, “L4 à luta. Quem somos nós? Somos a base da L4 que está buscando a ativação e a rearticulação de nossa casa de estudos em 2023. Não somos, nem nos comprometemos e estamos completamente desligados de partidos políticos ou organizações similares, pois não estamos interessados em sua “institucionalidade”, já que sempre vimos um abandono daqueles que lutam nas ruas e diretamente”, “No auge de sua perseguição política dentro do establishment, fora você e seus capangas”, “Viva as mentes livres”, “Cumplicidade insurrecional com os camaradas Juan e Marcelo. A solidariedade é uma arma. Carreguem-na e atirem”, “Eles odeiam mais as feministas do que os estupradores”.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
O grito do faisão –
Que saudade imensa
De meu pai e minha mãe.
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!