Há muito tempo se reconhece que precisamos produzir menos. No entanto, o princípio por trás da ideia de que devemos trabalhar mais é produzir mais.
A deliciosa contradição é que Macron alega estar “fazendo sobriedade”, para bancar (mal) o ecologista; enquanto promove a regra de produzir qualquer coisa, desde que sature o mercado, que venda (um pouco) e que alimente os lucros dos capitalistas. Teatro e não o melhor!
No topo dessa contradição, o objetivo declarado dessa lei é trabalhar mais para “produzir mais riqueza”.
Querer produzir infinitamente e pensar em crescimento infinito é ser louco ou economista, como costumamos dizer. Produzir pelo simples fato de produzir, porque é necessário. Isso nos prende para o resto da vida em empregos inúteis e de baixa qualidade ou na produção de objetos dos quais podemos prescindir; ao contrário dos empregos de baixa qualidade que raramente são procurados em si mesmos, mas dos quais não podemos prescindir. Portanto, precisamos reduzir a produção do supérfluo induzida pelos empregos de merda e distribuir melhor o ônus comum que nos parece indispensável no momento.
Um argumento que poderia nos favorecer, mas que é um falso amigo, é o seguinte: o progresso técnico e os robôs estão se desenvolvendo, o que nos permite economizar trabalho, portanto, vamos reduzir nosso tempo de trabalho e tributar os robôs. Isso está confundindo o deslocamento das mudanças na produção com a substituição da máquina pelo ser humano: um trabalho robotizado pode muito bem aumentar a carga de trabalho e/ou o tempo de trabalho em vez de reduzi-lo!
Todo o debate sobre os critérios de penosidade também tende a nos fazer acreditar que existe uma penosidade aceitável, aquela que não se encaixa nos famosos critérios, e outra que pode ser compensada (financeiramente e de forma irrisória), enfatizando o fato de que o que é penoso é o que é visível, uma forma de desviar as reivindicações sobre as condições de trabalho.
Os patrões, tendo o monopólio dos principais meios de produção, podem direcionar os frutos da produção para seu próprio lucro à vontade. Roubando o tempo de vida, ele quer nos subjugar até a morte, daí a batalha que está travando contra as aposentadorias (por meio de seus afiliados governamentais e parlamentares). Por meio da distribuição em massa, o capitalismo tem os meios para nos fazer consumir. Ele está em seu papel quando nos vê como consumidores, enquanto grande parte de nossos gastos é com bens de consumo, que são confundidos com o consumo cotidiano.
Fonte: http://www.cnt-ait.fr/contre-le-productivisme/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Uma borboleta
Beija uma flor murcha
Sobre a lousa fria
Edson Kenji Iura
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!