No cair da noite do 13 de junho, elegendo a data em memória dos históricos protestos de 2013, armamos uma barricada no centro da cidade de Porto Alegre, a uma quadra da Praça dos Três Poderes (Palácio do Governo do Estado, Assembléia Legislativa e o Palácio da Justiça). Mas não foi apenas um ato de memória, também respondemos ao chamado de luta dos povos nativos contra o Marco Temporal. A usurpação colonial é uma realidade que afeta nosso dia-a-dia e precisamos combatê-la.
Cientes da Guerra que a dominação (empresas, agronegócio, partidos políticos e lava cérebros religiosos) tem nos declarado, o que se confirma a cada hora no genocídio dos povos, na devastação da terra e na devoção ao dinheiro, nos resulta insuficiente assumir o papel de analistas da conjuntura. A massiva informação ao alcance de todos evidencia que não é por falta de informação que alguns elegem como forma de vida a devastação, a agressão, o genocídio, ou a colaboração com quem faz isso tudo. Assim, somente a palavra não basta para combater tanto ataque à vida.
Poucas são as vitórias que podemos celebrar coletivamente, 2013 foi uma vitória nas ruas, que se deu pela força da ação violenta e não pelo desfile manso que desejam as esquerdas parlamentares, nem pelos atos de submissão patriótica que fazem as direitas, mentalmente afetadas pela alucinação da ameaça vermelha.
Foi o caos, a baderna, o vandalismo sem lideranças, com a lúcida visão do rechaço às imposições, segregações e opressões, as que dobraram o braço do poder. E todos os políticos, sejam de direita ou esquerda, sabem, com medo, que essa é a força que derruba qualquer tirania. Alguns povos, coletivos e individualidades também sabemos disso, mas com alegria e procura de expansão da revolta.
Mandamos um aceno com o calor desta barricada a todos que estão em luta contra o Marco Temporal, contra a legalização do saque das terras dos povos nativos, realizando bloqueios combativos como o da Comunidade Guarani de Jaraguá em São Paulo.
E que o calor desta barricada aqueça também o coração dos anarquistas em prisão pelo mundo do Chile à Grécia, da Itália à Rússia: Alfredo Cóspito, Anna Beniamino, Juan Sorroche, Gabriel Pombo da Silva, Claudio Lavazza, Pola Roupa, Nikos Maziottis, Toby Shone, Boris, Ivan Aloucco, Monica Caballero, Francisco Solar, Joaquin García.
Texto do panfleto:
Precisamos ser cientes de que 1988 é apenas a data de um novo ciclo de explorações e não o Marco Temporal de nenhum povo.
Já o 2013 é a data que ensina para nós que lutar não significa mendigar a atenção das instituições.
Porque toda ação violenta está justificada por séculos de opressão, nossa proposta é simplesmente: Atacar o que nos ataca.
Sociedade Anônima Amigos do Black Bloc.
Para ler a versão da cidadania oficial:
agência de notícias anarquistas-ana
A sensação de tocar com os dedos
O que não tem realidade –
Uma pequena borboleta.
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!