Abaixo, publicamos uma carta pública em repúdio às declarações de apoio de presidentes e líderes latino-americanos ao governo reeleito de Recep Tayyip Erdoğan na Turquia.
Como ativistas, intelectuais, acadêmicos e estudiosos da América Latina ou que vivem na América Latina, gostaríamos de expressar nossa profunda decepção com os comentários apologéticos ou abertamente entusiásticos feitos por alguns atores da esquerda latino-americana, incluindo os presidentes da Bolívia, Brasil, Cuba e Venezuela, sobre a recente vitória eleitoral do Recep Tayyip Erdoğan, de extrema direita, na Turquia.
Consideramos inaceitável que socialistas que se autodenominam apoiem a reeleição de um governo autocrático, racista, sexista e de ultradireita/fascista. O AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), sob a liderança de Recep Tayyip Erdoğan, realizou uma eliminação sistemática contra os setores da oposição durante os 21 anos de sua permanência no poder político na Turquia. Ele vem aplicando políticas de guerra em cidades com população curda, prendendo milhares de membros do movimento político pró-curdo de esquerda, demitindo seus prefeitos e parlamentares democraticamente eleitos e recusando-se a reconhecer os direitos mais básicos do povo curdo. O governo do AKP também proibiu as greves, criminalizou os sindicatos de esquerda e perseguiu inúmeros ativistas sindicais. Os principais sindicatos progressistas do país, como a Confederação Sindical dos Trabalhadores Revolucionários (DİSK), o Sindicato dos Trabalhadores da Educação e Ciência (Eğitim-Sen) e a Confederação dos Sindicatos dos Funcionários Públicos (KESK), foram criminalizados por esse governo por mais de uma década. Seus membros foram submetidos a uma perseguição injusta, o que resultou na perda de milhares de empregos. Aqueles que se atreveram a denunciar suas políticas também foram severamente reprimidos. Milhares de intelectuais e jornalistas foram presos ou forçados a fugir do país, destruindo assim a liberdade de expressão no território.
Ao se retirar da Convenção de Istambul, Erdoğan objetifica as mulheres apenas como uma continuação da família e da linhagem, e está permitindo que o país retorne às taxas mais altas de feminicídio, com impunidade para os perpetradores. Além disso, o governo Erdoğan persegue e prende sistematicamente mulheres ativistas e ativistas do movimento de direitos LGTBIQ+. Esse governo também criminaliza e proíbe todas as manifestações de rua dos setores de direitos humanos, prendendo seus ativistas, como as Mães do Sábado e as Mães da Paz. As intervenções militares injustificadas da Turquia na Síria e no Iraque e o apoio a grupos fascistas nesses territórios, que promovem massacres contra minorias étnicas e religiosas, também devem ser levados em conta. Por tudo isso e muito mais, não encontramos nenhuma razão para um socialista apoiar a reeleição de Erdoğan para outro mandato.
Apelamos às organizações socialistas e revolucionárias, de direitos humanos, de mulheres e feministas do continente para que expressem sua solidariedade aos povos oprimidos da Turquia e a seus movimentos políticos revolucionários criminalizados e perseguidos. Argumentamos que ser ideologicamente coerente será mais gratificante para esses atores do que os possíveis benefícios econômicos de curto prazo que podem surgir devido à proximidade com o governo de extrema direita da Turquia.
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Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
a folha tomba
no meu ombro
outono
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!