Enquanto alguns mal nascidos seguem pedindo mão dura contra a imigração, mortes que poderiam evitar-se seguem acontecendo. As mais chamativas, as ocorridas recentemente no mar Jônico sem que se saiba exatamente o número de falecidos em um barco que transportava centenas de pessoas. O desejo das autoridades europeias de evitar que os migrantes cheguem a suas costas foi mais forte que qualquer intenção de assistência humanitária. Nada surpreendente, já que é o que ocorre ativa ou passivamente de modo permanente, mas desta vez a catástrofe teve certas proporções e invadiu os meios de comunicação generalistas. Está mais que claro que a velha e mesquinha Europa, com sua maldita união de poderes políticos e privilégios econômicos, não deseja em absoluto pôr os meios para que as pessoas que migram viajem e solicitem asilo em condições dignas. Sim, é certo que nem todos os governos parecem a priori da mesma laia, que os mais conservadores são os que abertamente mantem um discurso de rechaço à imigração; na prática, a União Europeia em seu conjunto faz pouco ou nada quando os direitos humanos mais elementares são transgredidos, uma divisão de papéis entre governos que recorda aquele de “poli bueno y poli malo” para ao final levar a cabo o mesmo objetivo.
As versões oficiais sobre as recentes mortes no Jônico, como não pode ser de outra maneira, são questionadas. Os guarda costas gregos asseguram que se aproximaram do barco de migrantes para prestar ajuda, mas desde a nave lhes disseram que não queriam resgate algum e que seu objetivo era chegar à Itália. No entanto, os sobreviventes negam esta versão e asseguram que não se negaram a serem rebocados à costa grega. Outra versão mantem que um barco se aproximou ao bote com centenas de pessoas migrantes para atar duas cordas com a intenção de rebocá-lo; as más condições da nave fez com que se avariasse o motor e alguns sobreviventes afirmam que as tentativas de arrastá-la, alguns testemunhos dizem que tentando levá-la à costa italiana, provocou finalmente que se desestabilizasse. Diversos ativistas e ONGs pediram uma investigação exaustiva sobre os guarda costas gregos e sobre o Frontex, o exército europeu de fronteiras, que também estava a par dos problemas do barco. Veremos como fica a coisa, mas são já muitos episódios em que a política migratória da Europa, com uns ou outros protagonistas, provocam mortes perfeitamente evitáveis; enquanto, já se deteve várias pessoas do barco como possíveis traficantes de pessoas e sem provas claras.
De fato, o governo reacionário da Grécia está há muito tempo efetuando devoluções ao mar de pessoas em busca de refúgio; o Estado grego pode adotar o papel de poli malo, mas o resto da Europa olha para o ouro lado. Segundo cifras de ACNUR, Alto Comissionado das Nações Unidas, 325 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo Oriental, o mesmo lugar do Naufrágio de alguns escassos dias, este ano terá superado seguramente a cifra ao falar até mais de 500 desaparecidos. Os meios de comunicação generalistas, para consumo das massas, encobrem estas mortes evitáveis, ou diretamente assassinatos, com a palavra “tragédia”, eufemismo que evoca alguma sorte de incidente sem culpados. A realidade é que a causa não é nada incidental, enquanto que a culpada tem um nome claro: a velha e mesquinha Europa, com seu férreo controle migratório, usando a polis malos como o governo grego ou assinalando difusos traficantes de pessoas. Claro, estamos falando de mortos de terceira categoria e já estamos habituados a ver “tragédias” em nossos repulsivos meios de comunicação generalistas ante as quais só mostramos um (muito) passageiro estremecimento. Nos empenharemos em assinalar, uma vez ou outra, a culpada de tantos crimes, que é a política migratória da velha e mesquinha Europa.
Juan Cáspar
Fonte: http://acracia.org/Naufrágios-morais/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
A bola baila
o gato nem olha
salta e agarra
Eugénia Tabosa
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…