Na quarta-feira, 20 de junho, 18 pessoas foram presas pela unidade antiterrorista francesa em diferentes lugares da França. Alguns deles são acusados de participar da manifestação de 25 de março contra o projeto de megabacias em Sainte-Soline (infolibre.gr/2023/05/08/o-thanatos-apenanti-sti-zoi-dyo -afigiseis-apo-ti-sainte-soline/). Outros são acusados de participar da sabotagem de uma das fábricas [de cimento] da Lafarge em Bouc Bel Air, perto de Marselha, em 10 de dezembro. Uma pessoa já foi condenada a 10 meses de prisão. Outra, Loïc, será julgada no dia 27 de junho. Ela é acusada de participação ativa em manifestação ilegal com o objetivo de sabotar um estoque de água, violência contra policiais, pixar ACAB numa viatura da polícia e roubar o uniforme de um policial.
É a segunda onda de detenções por esses casos: no dia 5 de junho, 15 pessoas já haviam sido detidas pela unidade antiterrorista francesa. Elas ficaram na prisão por 3 dias sem provas. Estavam obviamente esperando que uma delas falasse, mas ficaram em silêncio. Eventualmente, todas elas saíram livres de acusações. (infolibre.gr/2023/06/07/ekklisi-gia-stirixi-meta-to-kyma-syllipseon-sti-gallia-se-schesi-me-ti-dialysi-ergostasioy-tis-lafarge/)
A operação policial do dia 20 aconteceu um dia antes de o conselho de ministros francês decidir oficialmente proibir Les Soulèvements de la Terre, rede criada em 2021 para lutar contra a privatização de terras agrícolas e contra grandes projetos de infraestrutura que destroem o meio ambiente para lucro do capitalismo e do Estado. Essa rede visa conectar as lutas locais por meio de “convocatórias sazonais” para ações que lançam várias vezes ao ano. Dela fazem parte 160 coletivos locais. Ela apoia vários modos de ação, desde o recurso legal até a sabotagem ou ‘desmantelamento’, como elas chamam. Veja o ‘Bestof’ de suas ações: https://youtu.be/O1whH22eqHw
Depois que o governo francês decidiu proibir a rede, mais de 110.000 pessoas pediram o retorno dela em uma petição online. Se continuarem a fazê-lo, podem ser condenadas a 3 anos de prisão. O governo está usando o artigo 212-1 do código nacional de segurança, criado em 1936 após uma série de manifestações de extrema-direita que se transformaram em confrontos violentos com a polícia. Há alguns anos, essa lei é usada principalmente para atacar a esquerda radical e os coletivos e redes ambientalistas. Para aplicá-la, o governo tem que provar o caráter violento e o alto grau de organização e unidade de um coletivo.
Portanto, para preparar seu caso, o governo lançou uma campanha de propaganda após a manifestação de 25 de março em Sainte-Soline. Alguns de seus representantes foram a todos os canais de TV e rádio que puderam para espalhar a ideia de que os Les Soulèvements de la Terre são “ecoterroristas”. Essa nova categoria visa despolitizar as lutas sociais ao jogá-las num mundo imaginário de criaturas diabólicas sem outro objetivo senão propagar a violência e o sofrimento sobre as ‘pessoas boas e moralmente respeitáveis’.
Essa categoria de “ecoterrorista” foi usada novamente para justificar a dissolução de Les Soulèvements de la Terre e as prisões em massa das últimas semanas. É irônico, quando você sabe que a Lafarge tem realmente financiado a organização terrorista Daesh na Síria. Em 2013 e 2014, a Lafarge deu um total de 6 milhões de dólares à organização islâmica para continuar operando suas fábricas de cimento durante a guerra. E o governo francês sabia disso porque a Lafarge estava se comunicando com seus serviços de inteligência. (Ver: euronews.com/2022/10/18/french-cement-firm-lafarge-admits-doing-business-with-so-called-islamic-state)
No entanto, apesar da intensificação da repressão, o povo continua resistindo. No dia 21, depois que o governo anunciou a decisão do conselho de ministros, mais de 150 encontros e manifestações aconteceram por toda a França com a participação de milhares de pessoas.
Les Soulèvements de la Terre lançaram um apelo à ação na quarta-feira, 28/06, para apoiar as pessoas presas e protestar contra a dissolução de sua rede.
O sistema econômico e as empresas que os ativistas estão lutando na França são os mesmos que os ativistas lutam na Grécia.
Nossa solidariedade é nossa arma mais forte!
Apoie suas lutas locais, crie solidariedades internacionais!
Tradução > Contrafatual
agência de notícias anarquistas-ana
Chuva de inverno —
Passando sobre o “koto”
O ruído de um rato.
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!