Quando em 2003 o Governo Lula tomou assento na presidência da República, a UNE já não era mais um símbolo de combatividade tal como fora durante o período da ditadura civil-militar (1964-1989). Neste período, organizações revolucionárias dirigiam esta entidade e foram ponta de lança no combate a ditadura. Porém desde 1979 com a reconstrução da UNE, a entidade dava sinais progressivos de sua burocratização, sobretudo aceitando a política reformista de atrelar o movimento estudantil às candidaturas eleitorais estatais levada a cabo pela UJS (juventude do PCdoB), partido que desde então mantem-se quase intocável na diretoria da UNE. Mas foi com a eleição do PT ao Governo Federal que a UNE, junto a CUT, passaram a ser extensão do governo no movimento estudantil e sindical, respectivamente…
O trecho anterior faz parte de um Comunicado Nacional escrito por nós da RECC em junho de 2013, há mais de dez anos atrás. Mantém sua atualidade, porque a política governista e reformista da UNE permanece a mesma.
Dez anos se passaram e vivemos uma conjuntura semelhante, onde o Governo Lula está novamente na presidência da república e a posição da UNE é a de conciliação de classes, sendo na prática conivente com políticas neoliberais do Governo Federal que aprofundam o sucateamento da educação, como o Novo Ensino Médio e o Arcabouço Fiscal (leia mais sobre tais políticas em Comunicados Nacionais anteriores da RECC).
Vários movimentos estudantis apontam que a UNE deve ser disputada devido ao seu caráter histórico ou por se tratar da maior entidade estudantil da América Latina. Sobre o histórico da UNE, respondemos que para além do breve período de louvável enfrentamento a ditadura, principalmente durante os anos 1960 e início da década de 1970, o seu histórico é o de conciliação de classes, reformismo e governismo. Há mais de 44 anos, desde a sua restruturação em 1979, é essa a política levada a cabo pela entidade e sua direção, monopolizada pela presidência e influência de dois partidos: PCdoB (e sua juventude UJS) e PT.
Em relação a ser a maior entidade estudantil da América Latina e um local para disputar as massas estudantis, respondemos que o local onde as massas estudantis estão é nas instituições de ensino, em colégios, universidades, cursinhos, etc. A disputa pela consciência e a construção de poder estudantil se dará através do trabalho de base nesses locais e não disputando cargos.
Para além da crítica, nós da RECC nos propomos como uma solução, uma alternativa. Estamos há mais de dez anos tornando essa proposta de solução em realidade, construindo um movimento estudantil nacional que seja de fato comprometido com a luta pelos direitos dos estudantes pobres. Isso independente do governo burguês da vez, lutando sempre de maneira classista e combativa lado a lado com os estudantes.
Construa o movimento estudantil classista e combativo!
Organize-se e lute com a RECC!
recc.lutafob.org
agência de notícias anarquistas-ana
Entre as ruas, eu,
e em mim, eu em outras ruas,
sob a mesma noite.
Alexei Bueno
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!