“O encontro de St. Imier, para além do ato político, foi para mim uma experiência que aguçou meus cinco sentidos.”

Aconteceu, de 19 a 23 de julho, o “Encontro Internacional Antiautoritário – 150 anos depois”, em St-Imier, na Suíça. O evento comemorou o 150º aniversário do Congresso de St-Imier que, em 1872, viu a fundação da Internacional Antiautoritária, marcando o nascimento do movimento anarquista organizado. A nossa companheira Cibele Troyano esteve presente lá e compartilhou generosamente suas impressões pessoais, que estão a seguir.

“O encontro de St. Imier, para além do ato político, foi para mim uma experiência que aguçou meus cinco sentidos. Um cheiro delicioso de bons temperos misturado com cheiro de mato e de gente acampada. Meus olhos se encheram de cores olhando pessoas de todos os tipos, idades, visuais e gêneros. Vários corpos tatuados. Muitos velhos iguais a mim, que esperei 68 anos para viver uma experiência como essa. Alguns usando bengala, andadores, cadeirinhas de motor. Porém, todos caminhando muito bem por aqui.

O visual também inclui cartazes e mais cartazes com frases e palavras de ordem em todas as línguas. As mais lindas: “O fascismo não passará”, “Um novo mundo é possível” e “Desmilitarizar o planeta”.

O paladar foi brindado pela comida vegana que um grupo de voluntários alemães preparava diariamente. Tão saborosa que torna dispensável qualquer argumento racional ou ideológico a seu favor.

O som é o de um burburinho poliglota, incluindo o latido dos muitos cães que passeiam por aqui. Há muita música nos vários concertos diários que integraram o programa. O ponto alto foi a apresentação de um coro formado por grupos de vários países cantando canções anarquistas, numa praça repleta de gente.

Acho que somos mais de 5.000 pessoas. Não se vê nenhum papel no chão. Os banheiros de uma limpeza impecável. Nas portas, cartazes com desenhos recomendando aos homens para fazerem xixi sentados.

No encontro estavam também presentes muitas crianças. Conheci um compa mexicano que foi com o filho de mais ou menos 6 anos de idade, para que ele visse na prática que sim, um novo mundo é possível.

Na despedida, longos e afetuosos abraços em antigas e novas amizades. Sensação gostosa de uma experiência inesquecível.”

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agência de notícias anarquistas-ana

No céu da floresta
os pirilampos se acendem:
desce a Via Láctea.

Ronaldo Bomfim