Um século do assalto do grupo de Durruti ao Banco de Espanha

Completa um século do maior assalto a um banco perpetrado em Gijón. Cem anos do assalto ao Banco de Espanha, pela mão do anarquista Buenaventura Durruti e cinco companheiros, que tiraram a vida do diretor da entidade, Luis Azcárate Álvarez, e levaram o maior botim da história: 565.525 pesetas, o equivalente nos dias de hoje a aproximadamente um milhão de euros.

Era 1º de setembro de 1923 e passavam poucos minutos das nove da manhã. No Banco de Espanha – situado no edifício que atualmente alberga a Biblioteca Jovellanos – a rotina se impunha quando o verão ia dando seus últimos passos. Os assaltantes irromperam em grupo, armados e ameaçando os empregados e também os clientes: “Mãos pra cima!”, gritaram os pistoleiros. Se apoderaram inicialmente de uma bolsa de moedas e exigiram um saco de cédulas. Tinham claro que queriam um roubo grande.

Justo nesse momento, e ao escutar o alvoroço, sob as escadas o diretor da sucursal, e em uma tentativa de defender sua praça encarou os ladrões. Recebeu um tiro que lhe atravessou a cara, desde a orelha esquerda até o pescoço. Morreu três dias depois, deixando esposa, filhos e a cidade comovida.

Intitulava [o jornal] EL COMERCIO no dia seguinte: “Seis pistoleiros penetram na sucursal do Banco de Espanha e se apoderam de 565.525 pesetas, fugindo em automóvel”. Porque o grupo subiu em um carro Joffere, de cor cinza, matrícula O-434, que os esperava na rua Begoña para empreender uma frenética fuga até a rua Covadonga para abandonar a cidade pela estrada para Oviedo.

Horas depois, já pela tarde, era localizado o carro em que haviam fugido na Venta de Puga, em Pruvia. Chegaram até o proprietário e conseguiram identificar a quem, ao que parece, haviam alugado o veículo: o grupo de Durruti, ‘Los Solidarios’. A investigação da Guarda Civil permitiu localizar os ladrões em uma pensão na rua Covadonga de Oviedo. A intervenção para detê-los teve lugar em 7 de setembro. Ao ver-se descobertos, os ladrões trataram de fugir e se produziu um tiroteio com os guardas. Um dos assaltantes morreu e um agente ficou ferido. O resto dos assaltantes foram detidos. Apenas pisaram no cárcere, pelos acontecimentos que já se gestavam no país e que acabaram por materializar-se em 13 de setembro no golpe de Estado do capitão geral da Catalunha, Miguel Primo de Rivera. A imposição do mando militar provocou inseguranças legais e os pistoleiros do Banco de Espanha conseguiram sair do penal ovetense e fugir para a  Argentina e Chile. Do dinheiro nunca se soube.

De banco a biblioteca

Com os anos, Buenaventura Durruti se converteu em um dos mais destacados líderes do anarquismo durante a Segunda República e a Guerra Civil. Morreu em Madrid durante a contenda, em novembro de 1936. Seu nome passou à história por encabeçar o movimento anarquista e cenetista e também por cometer o assalto do século em Astúrias, que nos dias de hoje, sem já sobreviventes dos fatos, segue sendo um dos capítulos de maior relevância da crônica negra de Gijón. Paradóxicamente, a Biblioteca Jovellanos mostra em suas estantes biografias e livros históricos de quem faz um século semeou o pânico nesse mesmo lugar.

Fonte: https://www.elcomercio.es/gijon/século-assalto-grupo-durruti-banco-espana-20230827015122-nt.html#vca=fixed-btn&vso=rrss&vmc=tw&vli=gijon&ref=

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

peixes voadores
ao golpe do ouro solar
estala em farpas o vidro do mar

José Juan Tablada