À nossa Nação Mapuche e à opinião pública em geral, informamos.
Que ontem, sábado, 23 de setembro de 2023, realizamos um TRAWUN na zona Nagche de Chacaico, um espaço em meio a um processo de recuperação territorial contra as empresas florestais. E que, apesar de ter sido cercado e assediado pelas forças repressivas do Estado chileno e graças à autodefesa, essa reunião foi realizada com sucesso, permitindo-nos concluir e declarar:
KIÑE – Que reivindicamos e damos nosso total apoio às últimas ações de sabotagem realizadas por nossas ORTs no meli witran mapu, que tiveram o claro objetivo de deter e desalojar a indústria florestal e outros investimentos capitalistas que ameaçam nosso território ancestral. Também saudamos e aprovamos as outras ações de resistência realizadas por organizações irmãs que estão se movendo na mesma direção.
UPR – Que, apesar da ofensiva repressiva contra o movimento autonomista mapuche por parte deste governo, servil e lacaio dos grandes grupos econômicos, afirmamos com orgulho que não perdemos nem recuamos um metro, nem um hectare de território recuperado. Ou seja, não há retirada de nenhuma terra que tenhamos recuperado e onde exercemos, com grande esforço e convicção, o efetivo controle territorial. Pela mesma razão, anunciamos, com a dignidade e a coragem que nosso futa keche nos dá, que defenderemos até as últimas consequências o que conquistamos no âmbito territorial, político e cultural mapuche, até o ponto de pegar em armas, se necessário.
KILA – Que, diante das últimas declarações oficiais, desde o atual governo central até os delegados presidenciais, que ecoam as vozes da ultradireita chilena, há uma tentativa de desacreditar e distorcer a causa mapuche de autonomia e resistência. A isso respondemos mais uma vez, com uma rejeição retumbante dos vínculos forjados de que estamos sendo acusados com as máfias do roubo de madeira e do crime organizado, e reafirmamos o caráter anticapitalista e autonomista de nossa luta no histórico Wallmapu.
MELI – Que, no contexto da nova ofensiva neofascista, que implicou uma maior repressão e a prisão política de uma dezena de nossos weichafe, declaramos enfaticamente que não abandonaremos nenhum de nossos irmãos presos por lutar por nosso povo, razão suficiente para iniciar uma série de mobilizações e ações em apoio direto à conquista de sua libertação e liberdade. Considerando e informando, além disso, o início de um julgamento político para quatro de nossos peñi no dia 4 de outubro.
KECHU – Que, no atual contexto da ofensiva repressiva que o movimento autonomista mapuche como um todo vem sofrendo, convocamos nosso povo mapuche em resistência a retomar a luta territorial no terreno, ajudando a aprofundar os processos de enfrentamento direto contra o grande capital que nos oprime a todos. Ao mesmo tempo, pedimos que participem das mobilizações e ações contra as medidas e leis de exceção, o uso de testemunhas sem rosto nos julgamentos e as montagens inventadas pelos poderes constituídos para impedir nossa luta digna e, sobretudo, quando houver ataques policiais e militares contra as comunidades.
CAYU – Que, com base no exposto, convocamos a mobilização contra a lei de usurpação, que em nossa opinião visa legitimar o Estado colonial e apresentar uma visão errônea de quem são os verdadeiros donos da terra, traindo e distorcendo a história, e que é a razão profunda do conflito histórico no Wallmapu. Nesse sentido, também convocamos um grande encontro das comunidades e organizações mapuches, um FUTA TRAWUN, para estabelecer uma estratégia para derrubar essa nova lei maldita contra o povo mapuche mobilizado.
REGLE – Que, reafirmamos nossa posição autonomista e nossa luta para não participar em nenhuma instância da institucionalidade opressora, menos ainda em mesas de diálogo viciadas e enganosas, que só vêm para colocar uma cortina de fumaça ao processo de Libertação Nacional em curso. É por essa razão que buscaremos instâncias e pontos de encontro com outras expressões mapuches. Ratificando, porém, que somente na sabotagem do grande capital e com o efetivo controle territorial, alcançaremos a UNIDADE para a resistência de todo o nosso Povo.
Pu peñi ka pu lamngen. Apesar da repressão e do avanço fascista, não desistiremos, não desistiremos!
Por território e autonomia para a Nação Mapuche!
Amulepe taiñ weichan!
Witraiñ… Amulepe… Weuwaiñ… Marrichiweu!!!
Coordenadora Arauco – Malleco, CAM
24 de setembro de 2023
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!